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Com robô que ordenha vaca, fazenda dos EUA atrai agricultores turistas

Luis Roberto Toledo*

Do UOL, em Donahue (EUA)

22/11/2013 06h00

Com plantações variadas, muitas criações de animais e tecnologias que incluem até robôs que ordenham vacas, um fazendeiro dos Estados Unidos transformou sua propriedade em atração turística para outros fazendeiros.

Todo ano, a fazenda de John Maxwell, que fica no Estado de Iowa, no Meio-Oeste americano, recebe a visita de cerca de 3.000 pessoas, na maioria, agricultores estrangeiros.

Eles chegam em ônibus, em tours organizados geralmente por empresas ligadas ao agronegócio, como John Deere e Monsanto. Conhecem como são feitos os plantios e como são criados os animais.

Em alguns tours, também são servidas comidas típicas do Meio-Oeste --como costelinha de porco assada e bolo de carne--, preparadas na casa de madeira do produtor.

Os brasileiros formam um dos maiores grupos. Segundo Maxwell, também há grande número de franceses, russos, ucranianos, argentinos e chilenos.

De acordo com o produtor, ele já recebeu visitantes de mais de 50 países, todos interessados em saber como funciona uma “típica fazenda americana”.

A atividade de turismo agrícola já representaria perto de 15% do faturamento da fazenda, cujo valor total o produtor não revela.

Produção diversificada inclui soja, milho, leite, ovos e suínos

A Cinnamon Ridges, nome da propriedade, nem é tão típica assim. Diferentemente de muitos de seus colegas americanos --que, ou mantêm plantações, ou criam animais--, Maxwell tem produção diversificada.

Também utiliza muita tecnologia para diminuir a mão de obra, o que sempre surpreende os estrangeiros.

Além de plantar milho, soja e trigo, ele também cria gado, leitões e galinhas. Produz queijo, carnes, ovos, pães e doces.

Os produtos são vendidos numa loja dentro da propriedade, que funciona num esquema sem atendente nem caixa; basta pegar o artigo desejado e deixar o pagamento num local apropriado.

Vacas têm chip na orelha e são ordenhadas por robôs

John Maxwell tem 250 vacas da raça jersey, que produzem cerca de 10 mil litros de leite por ano cada uma. Cerca de 90% da produção é entregue para um laticínio da região; o restante é transformado em queijos do tipo cheddar na própria fazenda.

Neste ano, foram instalados na propriedade quatro robôs para realizar a ordenha das vacas. Os animais são treinados para procurar os locais onde estão instaladas as máquinas; uma vez ali, recebem comida automaticamente.

A máquina lava as mamas e “lê” onde deve acoplar os tubos que fazem a retirada do leite. Durante o processo, o robô mede o peso do animal, monitora a qualidade e a temperatura do leite e descarta o produto se houver algum problema.

Através do chip que há no brinco que cada vaca tem na orelha, a máquina também consegue calcular o número de passos que ela dá --segundo Maxwell, a vaca anda mais quando está ovulando, assim, é possível saber quando está na época de cruzá-la novamente.

Os robôs estão prontos para fazer a ordenha 24 horas por dia. Cada vaca chega a ser ordenhada até seis vezes diariamente, o que faz a média de produção da fazenda chegar a 36 litros de leite por vaca por dia.

De acordo com um estudo da pesquisadora Rosangela Zoccal, da Embrapa Gado de Leite, em Castro (PR), município brasileiro com a maior produção leiteira por animal, a média por vaca corresponde a cerca de 25 litros de leite por dia.

Amy, filha do produtor, acompanha toda a operação da área de leite através do celular. Se constata que algum animal não passou pela ordenha nas últimas 12 horas, procura o exemplar no estábulo e o conduz até o robô.

A ração que não é consumida pelo gado de leite é usada para alimentar um rebanho de 40 vacas da raça angus. Esses animais, voltados para a produção de carne, são também usados como “barrigas de aluguel” para transplante de embriões da raça jersey.

Agricultor e a mulher operam máquinas para plantar e colher

Todo o esterco produzido pelas vacas no galpão de ordenha é conduzido automaticamente para uma grande piscina do lado de fora. O material é usado, posteriormente, para adubar as áreas da produção de grãos.

Neste ano, a fazenda produziu soja em 1.500 hectares e milho em outros 500 hectares. O próprio Maxwell e a mulher, Joan, pilotam as máquinas no plantio e na colheita.

O produtor, que ainda engorda cerca de 5.000 leitões por ano e vende ovos de 300 galinhas, afirma que é importante ter diversificação de atividades na propriedade. Segundo ele, é uma forma de garantir um rendimento estável.

“Gosto de mostrar essas experiências para as pessoas do mundo todo”, diz Maxwell. “Somos populares porque temos esse programa educacional para agricultores, que saem daqui com mais conhecimento sobre o que fazer e o que não fazer em suas fazendas”.

A Cinnamon Ridge também recebe a visita de crianças de escolas americanas, que vão ali aprender de onde vêm os alimentos. As instalações da fazenda também são usadas em festas de casamento e reuniões de família.

*O jornalista Luis Roberto Toledo viajou aos Estados Unidos a convite da John Deere