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Produção de ostras dobra em cinco anos em SC; conheça 'fazenda' de cultivo

Luiza Calegari*

Do UOL, em Florianópolis

27/12/2013 06h00

A produção de ostras dobrou nos últimos cinco anos em Santa Catarina: foi de 1.156 toneladas em 2007 para 2.468 toneladas em 2012, o último dado disponível.

O Estado é o maior produtor de ostras cultivadas no país, de acordo com o Cedap (Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca), da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, responsável pelo levantamento.

Apesar do posto, a produção ainda é insuficiente para abastecer o mercado interno de Santa Catarina, segundo os produtores. 

A maior parte da produção (96%) no Estado se concentra na região da Grande Florianópolis.

A comunidade do Ribeirão da Ilha destaca-se como a maior produtora de ostras, responsável por 60% do abastecimento do Estado; as comunidades de Santo Antônio de Lisboa, Cacupé e Sambaqui, juntas, produzem 13,5% das ostras em Santa Catarina.
 

Espécie de ostra mais cultivada não é brasileira

A espécie cultivada na região, a Crassostrea giga, é de origem japonesa e não produz pérolas.

O cultivo é propício em Santa Catarina porque a ostra precisa de água com baixa temperatura para se desenvolver bem, o que é comum no litoral do Estado. Mudanças muito bruscas na temperatura matam a maioria dos moluscos.

O UOL visitou a fazenda de ostras de Gioconda Lessing, na comunidade de Santo Antônio de Lisboa, em Florianópolis.

As ostras são colocadas primeiro em redes de malha fina e mergulhadas em água. Todos os meses é feita uma inspeção nas “lanternas”, como são chamadas essas estruturas, para verificar se as ostras estão crescendo o suficiente e em qual momento é necessário transportá-las para gaiolas maiores.

Cada lanterna rende até 80 kg de ostras. A cada ciclo, são colocadas de 1 milhão a 1,5 milhão de ostras no mar, mas cerca de 40% desta quantidade é perdida. A produtora Gioconda Lessing explica que a produtividade pode parecer baixa, mas já foi pior.

“No começo, conseguíamos aproveitar apenas 30% das ostras que colocávamos na água”, afirma. A melhor colheita é a do mês de junho, quando está mais frio.

As ostras levam de 7 a 15 meses para amadurecer, mas o tempo médio para a maioria atingir o estágio em que pode ser colhida é de nove meses.

Trabalhadores se organizam em cooperativa

O número total de produtores de ostras em Santa Catarina subiu de 127, em 2011, para 134, no ano passado. Pela terceira vez, Gioconda Lessing está tomando a iniciativa de montar uma cooperativa de produtores, para organizar os trabalhadores e a produção.

A organização já teve a adesão de cerca de 30 pequenos produtores, entre os 134 contabilizados no último levantamento. Segundo Gioconda Lessing, o trabalho de reunião e convencimento dos produtores é o mais difícil.

“Eles não confiam em cooperativas, mas confiam um pouco em mim”, afirma Gioconda Lessing.

(* A repórter viajou a Florianópolis a convite do Costão do Santinho Resort)