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Conheça a produção de vinhos no Nordeste, destaque da série Amores Roubados

Priscila Tieppo

Do UOL, em São Paulo

16/01/2014 06h00

Na minissérie da Globo “Amores Roubados”, Leandro (Cauã Reymond) é um sommelier que trabalha na vinícola do pai de Antônia (Ísis Valverde), que fica no Vale do São Francisco, no Nordeste do Brasil.

Apesar de menos conhecida como produtora de vinhos do que a Serra Gaúcha, por exemplo, a região onde se passa a trama televisiva, entre os municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), vem se destacando no cenário nacional. Principalmente por conta das bebidas feitas com a uva moscatel, variedade adocicada usada tanto na fabricação de espumantes como de vinhos brancos.

Para o sommelier José Luiz Pagliare, da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho, em São Paulo, o espumante feito com as uvas desse tipo são de qualidade e diferentes dos feitos na Serra Gaúcha, de onde sai 90% da produção nacional de vinhos.

“Mesmo quando é usada a mesma variedade de uva, os vinhos produzidos em outras regiões são diferentes. Os espumantes do Nordeste têm o sabor da uva mais marcante. Já os do Sul são mais frescos e mais ácidos. São estilos diferentes”, diz.

“O Nordeste conseguiu ter produtos com personalidade, que são mais uma opção para o consumidor”, afirma Pagliare.

Vinhos tintos também são produzidos na região mostrada em "Amores Roubados", e a uva syrah é uma das mais apreciadas para sua fabricação. Um vinho tinto local de destaque é o Testardi Syrah 2010, vencedor na categoria tinto nacional em um concurso realizado na feira Expovinis, em São Paulo, em 2012.

Francisco Amorim, consultor do Vinhovasf (Instituto do Vinho do Vale do São Francisco) e professor de enologia do Instituto Federal do Sertão Pernambucano, estima que a produção da região chegue a 10 milhões de litros de vinhos de maior qualidade, metade deles, espumantes.

Ao todo, o país produziu 370 milhões de litros de vinhos em 2013, segundo dados do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho). Destes, 48 milhões de litros foram de bebidas de qualidade superior e 14 milhões de litros, de espumantes.

São 500 hectares de plantação de uvas para vinhos na região

A região onde por quatro meses foi filmada a minissérie da Rede Globo possui 10 mil hectares (pouco mais que a área de Vitória, no Espírito Santo) de plantações de uvas, 500 deles cultivados com variedades de origem europeia voltadas para a produção de vinhos de maior qualidade. O restante da área é destinado à produção da fruta para consumo in natura.

As variedades cultivadas são as tintas syrah, cabernet sauvignon, tempranillo, ruby cabernet, tannat, touriga nacional e alicante bouschet; e as brancas moscato canelli, moscato itália, moscato branco, verdejo, viognier e chenin blanc.

Atualmente, segundo o Vinhovasf, os vinhos do Vale do São Francisco são comercializados em todo o Brasil e em países como Itália, França, Portugal, Emirados Árabes e Estados Unidos.

Para Amorim, a região de clima semiárido favorece a produção da bebida por ter a possibilidade de ter uvas o ano todo, diferentemente do Sul, que conta com apenas um período de colheita.

“É uma região com pouca chuva, ótimos solos e água em abundância captada do rio São Francisco, permitindo a irrigação controlada e, consequentemente, o controle da época de produção de cada planta, que chega a produzir até três safras em um só ano”, afirma o consultor.