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"Nemo" ainda faz sucesso em aquários marinhos do país, 11 anos após o filme

André Cabette Fábio

Do UOL, em São Paulo

10/03/2014 06h00

Onze anos após seu lançamento nos cinemas, em 2003, "Procurando Nemo" continua fazendo do peixe-palhaço, protagonista do filme, um sucesso de vendas para aquários de água marinha no Brasil.

"Dos peixes de água salgada, o que mais vende, disparado, é o palhaço", diz Renato Romano, sócio do Comércio de Peixes Ornamentais Romano, que existe desde 1991 em São Paulo. A loja vende entre 80 e 100 peixes desse tipo por ano.

Na matriz da rede especializada em bichos de estimação Pet Shop Marginal, em São Paulo, principal loja do grupo na venda de peixes marinhos, os peixes-palhaços também são os mais vendidos na categoria: todo mês, saem de 50 a 70 exemplares, que custam a partir de R$ 49,90.

Para abastecer os lojistas, há criadores de peixes ornamentais que concentram mais da metade de sua capacidade à produção do "Nemo".

Apesar de quase não existirem dados sobre esse mercado, a pesquisadora Monica Tsuzuki, da Ufsc (Universidade Federal de Santa Catarina), que realiza estudos periódicos sobre o setor, considera o palhaço como o peixe marinho ornamental de maior produção e venda no país.

A explicação para o sucesso, segundo ela, vem do fato de o peixe ter aparecido no cinema, mas também porque a produção e a criação da espécie em cativeiro estão bem dominadas.

Nas lojas especializadas em aquário, o preço do peixe-palhaço geralmente varia de R$ 45 a R$ 80. Para Monica Tsuzuki, a expectativa é que as vendas do peixe deem novo salto quando a continuação de Procurando Nemo for lançada, o que está previsto para 2016.

O nome peixe-palhaço é dado a cerca de 30 espécies que vivem em meio a anêmonas-do-mar, animais invertebrados venenosos, mas que não são tóxicos aos palhaços. A mais popular dessas espécies de peixe é o Amphiprion ocellaris, a mesma do Nemo do filme, de cor alaranjada, com faixas brancas largas sobre o corpo.

Biólogo cria peixes-palhaços nos fundos de casa em São Paulo

Um dos criadores comerciais do peixe-palhaço é o biólogo Cássio Ribeiro Ramos, 30. Apaixonado pela atividade desde a adolescência, ele trabalhava em São Paulo numa importadora de peixes e equipamentos para aquários quando começou o negócio, em 2005.

A estrutura da empresa, chamada de Azul Fish, foi inicialmente montada numa sala de 20 m² ao lado da garagem da casa dos pais. Em 2007, ele se associou à importadora e distribuidora na qual trabalhava, o Grupo Onda.

Hoje, a produção é obtida em 142 aquários e chega a mil exemplares por mês; 60% são peixes-palhaços. Os animais são vendidos a lojas especializadas. Ramos não revela custos de produção nem ganhos, mas afirma que o faturamento tem crescido em média 10% ao ano desde que a empresa foi fundada.

A criação de Ramos está instalada hoje em 200 m². O espaço antes ocupado pela área de lazer da casa de seus pais, incluindo uma churrasqueira e um campinho de futebol, agora abriga tanques de engorda e de produção de algas.

Os filhotes de peixe-palhaço, que têm entre 2 e 3 mm ao nascer, recebem algas como alimento por um mês, quando atingem 1 cm. Depois recebem ração por mais dois ou três meses, chegando a 4 cm, quando podem começar a ser vendidos.

Criador evita concorrência no mercado de peixes-palhaços

O oceanógrafo Miguel Mies produz peixes, moluscos e corais na empresa Eco-Reef, que ocupa 45 m² de uma casa no bairro do Butantã, em São Paulo.

Ele concorda que o peixe-palhaço é o grande destaque do mercado de ornamentais marinhos, mas prefere não produzi-lo para evitar a concorrência de pequenas criações não registradas.

Ele afirma que, como o processo é simples e o peixe é popular, é comum que criadores não legalizados forneçam peixes-palhaços a lojas pelo que considera um preço baixo, de cerca de R$ 45. Segundo ele, exemplares regularizados produzidos no país saem por cerca de R$ 60 e os importados, por R$ 80.