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É preciso adiar a maternidade para ter sucesso na carreira?

24/10/2014 13h26

E lá vamos nós falar de gênero no trabalho mais uma vez. Vocês já devem ter visto nos noticiários que as empresas gigantes do ramo tecnológico declararam que vão pagar pelo congelamento de óvulos das funcionárias que desejarem adiar a maternidade.

O que podemos dizer a respeito deste novo benefício oferecido por essas empresas? Trata-se de uma evolução da forma como vivemos hoje ou propagação de uma vida louca corporativa que não sabemos ao certo onde vai parar?

Confesso que ainda não tenho essa resposta, mas temos alguns fatos importantes a discutir e refletir sobre essa temática tão relevante e polêmica.

A realidade é que a maternidade ainda continua sendo um grande desafio para muitas mulheres que trabalham e que buscam posições de destaque nas organizações, pois quando a carreira começa a crescer, o relógio biológico não anda na mesma proporção.

A medicina diz que o ideal é que mulheres tenham filhos aos vinte e poucos anos, mas vamos ser realistas? Na fase dos vinte aos trinta anos são poucas as que conseguem conciliar uma carreira de grandes responsabilidades com a maternidade.

As poucas mulheres que conseguem ter uma boa estrutura de apoio contam com ajuda dos pais, de escolinha, de babá, etc. Isso custa muito caro! Nem todas possuem tal condição financeira nessa idade, afinal esse período é a fase de maior “ralação” profissional, em que aquelas que começaram a trabalhar cedo (desde a faculdade) estão criando uma vida de sucesso e irão começar a colheita após os trinta.

Portanto, vamos analisar a opção de congelar óvulos, oferecida pelas empresas, sob dois aspectos.

Se o objetivo da empresa ao oferecer o benefício for que a funcionária não sofra com a pressão do relógio biológico, tenha mais liberdade de escolher o momento certo para ter seus filhos e, quando decidir pela maternidade, não ser penalizada na carreira, então considero o benefício algo fantástico e excelente.

Mas se objetivo for pressionar a mulher para que trabalhe mais e, obrigatoriamente, só venha a ter filhos com mais idade, então já não acho uma boa ideia.

Não temos como saber as reais intenções da empresa com este benefício. Se boas ou não, dependerá da forma como nós, mulheres, vamos lidar com a situação. Minha recomendação é que usem esse benefício a seu favor e jamais percam a noção de que têm total liberdade para optar pela maternidade no momento em que desejarem.

Pois é mulherada, eu, que também compartilho desse dilema, acho que qualquer decisão envolverá um risco. A boa nova é que podemos trazer à tona essa questão para refletirmos sobre nosso papel e nossos objetivos de vida, ampliar nossa visão de mundo e escolher aquilo que realmente importa. Pense nisso.

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