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Reinaldo Polito

Sérgio Guerra foi um lutador quase solitário

06/03/2014 17h37Atualizada em 06/03/2014 20h09


Sérgio Guerra morreu nesta quinta-feira (6) aos 66 anos de idade. Muitos políticos comentam sobre as qualidades de um homem dedicado às suas convicções em defesa de um país melhor. Sua atuação que mais me marcou, entretanto, foi quando coordenou a campanha de Geraldo Alckmin como candidato à presidência da república em 2006.

Alckmin enfrentou um dos líderes mais carismáticos da história do Brasil – nada mais, nada menos que Lula, o grande sedutor de plateias. Só para não deixar esquecer, um dado deve ser relembrado – Lula deixou o segundo mandato como presidente com mais de 80% de aceitação popular.

Alckmin não enfrentou apenas um opositor, enfrentou um mito idolatrado por grande parte da população. Mesmo assim o candidato do PSDB foi vencedor em muitos debates em que participou com seu adversário. Encurralou Lula e o deixou acuado em muitos momentos. Tanto que o ex-presidente, tão bom no uso do microfone, em diversas circunstâncias não soube como reagir.

Por que estou relembrando esses fatos? No final dos debates havia as entrevistas. Correligionários de um e de outro lado davam suas opiniões sobre o desempenho dos candidatos. Lula tinha um batalhão de políticos a seu favor. Terminava o debate e saiam atacando Alckmin e fazendo a defesa do líder petista.

Diziam tudo o que tinham e o que não tinham direito. Que Alckmin fora agressivo, que não respeitara a liturgia do cargo, que fizera críticas sem fundamento, etc. Do lado de Alckmin, bem...do lado de Alckmin, nada. Eu me lembro apenas da voz tranquila e ponderada de Sérgio Guerra, que como coordenador da campanha tinha a missão solitária e quase impossível de fazer a defesa do seu candidato.

Pois é, Sérgio Guerra com seu jeito conciliador e espontâneo valorizava a atuação de Alckmin com tanta competência que praticamente sozinho levou seu candidato para o segundo turno. Um feito admirável e quase inimaginável. O candidato do PSDB contou com a ajuda de poucos.

Serra desaparecera. FHC estava de quarentena. Quase nenhuma palavra em defesa do seu colega de partido. Aécio se fingiu de morto. Alckmin teve de se meter por conta própria em Minas para tirar algumas fotos ao seu lado. O candidato do PSDB olhava de um lado e...nada. Olhava de outro e...nada. Apenas uma luz de estímulo estava por perto – Sérgio Guerra, o lutador solitário e parceiro de todos os momentos.

Esse é o homem que nos deixa. Aquele que nos momentos mais difíceis, quando todos pensavam em abandonar o barco, estava ali firme como um timoneiro decidido a seguir com a embarcação até o fim. Foi exemplo. Enfrentou calado os momentos de enfermidade. Foi amigo de seus amigos. Deixou um rastro de esperança de que ainda podemos acreditar na política e... em alguns políticos.

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