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Reinaldo Polito

Por que Dunga voltou

Carmelito Bifano/UOL
Imagem: Carmelito Bifano/UOL

21/07/2014 13h07

Dunga está voltando ao comando da seleção brasileira. Muita gente se surpreendeu e alguns jornalistas até revelaram perplexidade com a notícia. Tentam entender quais os motivos que levaram os dirigentes da CBF a trazer de volta um técnico que foi eliminado em 2010 nas quartas de final. Eu não, pois sempre fui um defensor de sua permanência

A resposta está principalmente na coerência e no comportamento do Dunga. Além de ter armado um time consistente e com ótimo padrão de jogo, o Capitão é uma pessoa confiável. Até muitos daqueles que o criticaram com ferocidade reconhecem que o treinador é uma pessoa séria, correta e dedicada ao trabalho. 
 
Não gostar de um treinador porque perdeu meio tempo de um jogo chega a ser quase discussão de botequim. É coisa de jogo. Talvez você também esteja com muita vontade de me criticar porque fiz essa afirmação. Sem problema. Se servir para reflexão dos leitores, fico feliz.
 
Não gostar de um técnico porque chega a ser ríspido com a imprensa e se recusa a deixar que os jogadores sejam entrevistados não tem muito a ver com esquema tático de uma seleção. Talvez ele tenha até exagerado em alguns momentos. Tudo isso, entretanto, não está relacionado com os 2 a 1 que nos tiraram da Copa do Mundo.    
 
Um dia antes da partida contra a Holanda em 2010, Dunga tinha pelo Datafolha mais de 70% de aprovação popular. Fez um primeiro tempo mágico naquela partida, mas, por circunstâncias que só o futebol explica, Júlio Cesar, que era considerado pela maioria como o melhor goleiro do mundo, errou no tempo da bola e permitiu que a Holanda começasse a virar o jogo. 
 
Falar e ter um comportamento que dê respaldo à mensagem transmitida com as palavras é um dos requisitos mais importantes para a conquista da credibilidade. Às vezes, conhecemos pessoas ríspidas, que atropelam colegas, subordinados e até superiores hierárquicos, mas conquistam respeito e admiração.
 
São pessoas coerentes, em quem se pode confiar. Se prometem, cumprem. Se não podem cumprir, não prometem. Como dizia Vieira: a palavra fala aos ouvidos e o exemplo fala aos olhos.  Aí está a chave para uma carreira consistente. Podemos até ter prejuízo num primeiro momento, ou até ter de fazer sacrifícios acima de nossas forças, mas não hesitamos em fazer o que deve ser feito.
 
No momento em que exigimos o resgate dos valores para o futebol que é, sem dúvida, a maior paixão dos brasileiros, precisamos de competência e experiência, mas também, e até principalmente, de coerência. A liderança de alguém que pelos princípios e pelo caráter possa levar um grupo de jovens a buscar as vitórias que tanto desejamos.
 
Alguns poderão criticar, como já estão criticando, o Dunga por jogar ou não jogar de acordo com determinado padrão de jogo, mas ninguém poderá dizer uma palavra contra a coerência de seu comportamento. Será um bom exemplo. Exemplo de conduta e retidão de caráter. Exemplo para aqueles que ao passarem por dificuldades saibam que na vida sempre podemos encontrar a superação. Para o bem de todos nós brasileiros, tomara que ele consiga.

SUPERDICAS DA SEMANA

- Por pior que seja a dificuldade que esteja passando sempre será possível superá-la
- Agir com retidão e coerência será o respaldo para sua credibilidade
- As pessoas o respeitarão pelos seus atos e não só pelas palavras
- Quase sempre as portas que se fecham hoje permitirão que outras se abram amanhã

Livros de minha autoria que podem ajudar na reflexão desse tema: “O que a vida me ensinou” e “Conquistar e influenciar para se dar bem com as pessoas”, publicados pela Editora Saraiva