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Reinaldo Polito

Os culpados pelos fracassos profissionais

Getty Images
Imagem: Getty Images

05/08/2014 06h00

De quem é a culpa pelos fracassos profissionais? Com argumentos irrefutáveis quase sempre a pessoa explica que os responsáveis pelas suas derrotas são os outros. Quem ouve as justificativas conclui que a “vítima” está coberta de razão. Afinal, nada poderia ser feito para mudar o resultado naquelas circunstâncias.

Não atingiram as metas porque a concorrência tem preço mais competitivo ou produto de melhor qualidade. O negócio naufragou porque o plano econômico baixado pelo governo colocou por terra um projeto que consumiu muito tempo e exigiu enorme investimento. O produto se tornou inviável porque não seria possível competir com os chineses.

Quem avalia os motivos apresentados conclui: ele realmente tem razão. Ninguém seria capaz de superar esse tipo de desafio com tantos obstáculos a vencer. Se em situações normais já é difícil ter sucesso, com adversidades tão incontroláveis, então, seria praticamente impossível encontrar soluções que pudessem mudar o rumo da história.

Sim e não. Se fosse verdade, por que alguns profissionais e empreendedores em situações semelhantes e, às vezes, até diante de problemas ainda mais desafiadores conseguiram se sair vitoriosos? Afinal, poderiam ter desistido e todos diriam que a culpa não foi deles, mas sim das conspirações naturais que vida nos impõe.

De maneira geral, a resposta para o triunfo se sustenta na determinação e no comprometimento. Se aqueles que fracassaram tivessem sido mais determinados e comprometidos, as chances de serem bem-sucedidos se ampliariam. Se acreditassem mesmo no projeto que tentaram empreender, vislumbrariam as saídas e as soluções que buscavam.

Poderiam perder, cair, errar uma, duas, três, inúmeras vezes, mas continuariam em frente sem desistir. Em algum momento, em algum ponto do caminho encontrariam a porta que os levaria ao encontro da realização. São aqueles que fazem das derrotas uma espécie de novo estímulo, já que o erro conhecido não seria repetido.

Não, não é fácil. Depois de tentar algumas vezes quase sempre temos uma boa desculpa para explicar a derrota. Tão boa que ninguém poderá censurar. Portanto, é só passar a régua, fechar a conta e partir para um novo desafio. Pois é, só uma causa que justifique lutas obstinadas pode fazer com que valha a pena tentar, tentar, tentar até que todas as possibilidades estejam esgotadas.

Na comunicação o maior exemplo foi deixado por Demóstenes. Tinha tudo para não ser um orador. Sua voz era fraca, por causa dos problemas de dicção pronunciava mal as palavras, e era motivo de zombarias devido ao vício de sempre levantar um dos ombros quando falava.

Essas dificuldades desestimulariam qualquer pessoa de falar em público. Demóstenes não se acomodou diante das adversidades impostas pela natureza. Determinado e comprometido com o desenvolvimento da sua comunicação foi à luta para superar as dificuldades que pareciam intransponíveis.

Para deixar a voz mais potente fez longas caminhadas na praia e falava na frente do mar, tentando desenvolver um volume de voz que fosse mais alto que o bramido das ondas. Corrigiu os defeitos da dicção falando com seixos na boca até que conseguisse pronunciar bem as palavras.

Para corrigir o vício de levantar o ombro pendurou uma espada no teto, com a ponta voltada para baixo e treinava os discursos na frente de um espelho. Todas as vezes que fazia o movimento involuntário do obro era ferido pela espada. Dessa forma foi obrigado a se controlar.

Além disso, para não desistir, raspou metade da cabeça e da barba. Essa aparência ridícula o impedia de aparecer em público e o obrigava a se dedicar aos exercícios. Com essa determinação e esse comprometimento Demóstenes não só pôde falar em público, como se transformou no maior orador da antiguidade.

Cabe a nós decidirmos que tipo desejamos ser. Aquele que aprende a ter uma boa desculpa na ponta da língua para explicar os fracassos, ou aquele que mesmo sem vislumbrar chances de vitória, vai em frente caindo e levantando até encontrar a solução.

SUPERDICAS DA SEMANA

- Procure abraçar causas que mereçam seu comprometimento e determinação
- Não importa quantos “nãos” receber, insista e acredite que poderá encontrar o “sim”
- Mesmo que todos tenham tentado e desistido, a solução ainda poderá ser encontrada
- Se desejar mesmo realizar uma obra, dedique todas suas forças a esse objetivo

Livros de minha autoria que podem ajudar na reflexão desse tema: “Como falar corretamente e sem inibições”, “O que a vida me ensinou” e “Conquistar e influenciar para se dar bem com as pessoas”, publicados pela Editora Saraiva, também no formato digital.