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Reinaldo Polito

Vai falar em público? Prepare-se para quem sabe muito e para quem sabe nada

28/07/2015 06h00

Um dos motivos que levam os ouvintes a se desinteressar por uma apresentação é perceberem que o assunto tratado não apresenta novidades. Por isso, Quintiliano orienta, nas “Instituições Oratórias”, que a narração deve partir do ponto em que o conhecimento dela pertence ao ouvinte, e não antes.

Descubra o que as pessoas conhecem sobre o assunto para evitar repetições que poderiam tornar a exposição desinteressante e cansativa. Sabendo até que ponto os ouvintes estão inteirados da matéria, você terá condições de estabelecer a profundidade que o assunto deverá ser abordado. Nem muito raso para especialistas, nem elevado para pessoas leigas, ou que tenham pouco conhecimento sobre o tema.

Avalie as características do público

Para calibrar com boa margem de acerto o nível da apresentação, avalie antes as características dos ouvintes. Se, por exemplo, for falar sobre tipos de financiamentos para gerentes ou diretores financeiros, poderá abordar os detalhes técnicos sem se preocupar se conhecem ou não os aspectos gerais das operações. Ao contrário, se a plateia fosse composta de profissionais de áreas distintas, esses conceitos mais superficiais deveriam ser considerados.

Essas informações sobre as características predominantes dos ouvintes poderão ser conseguidas junto à pessoa responsável pelo evento, ou à organização que o promoveu. Embora esses dados possam ser levantados com facilidade, se por algum motivo você não tiver acesso a eles, nada impede que pergunte diretamente à plateia no início da apresentação o quanto os ouvintes estão familiarizados com o assunto, ou que tipo de atividade exercem.

Prepare dois tipos de exposição

Para isso, você deverá ter preparado dois tipos de exposição. Uma mais básica e outra mais aprofundada. Não deixe para fazer modificações e montar a apresentação quando já estiver diante do público. Será possível incluir um ou outro dado novo quando estiver falando, até é conveniente que isso ocorra, mas não criar naquele instante um discurso totalmente novo.

Se os ouvintes forem heterogêneos, fato mais ou menos comum, você não poderá fazer a apresentação mencionando informações elementares porque desestimularia os que dominam a matéria. Por outro lado, não deve desenvolver o assunto com profundidade porque poderia perder o interesse e a concentração das pessoas mais leigas.

Nesse caso, encontre informações medianas e desça um pouco nas explicações. Agindo assim, com algumas explicações complementares, poderá facilitar a compreensão daqueles que conhecem pouco sobre o tema, sem perder o interesse daqueles já familiarizados com o assunto.

São cuidados até elementares, mas que poderão determinar o sucesso ou fracasso de uma apresentação. Portanto, ao se apresentar diante de uma plateia, seja em um grande auditório, ou em uma pequena reunião na vida corporativa, saiba com quem está falando. 

SUPERDICAS DA SEMANA

- Saiba qual o conhecimento que os ouvintes possuem sobre a matéria
- Não fale de maneira superficial para pessoas que dominam o assunto
- Não fale com profundidade para pessoas leigas no tema
- Prepare apresentações distintas para atender aos dois tipos de ouvintes

Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse assunto: "Assim é que se fala", "Como falar corretamente e sem inibições”, "Oratória para advogados e estudantes de direito", “Superdicas para falar bem” e“Conquistar e influenciar para se dar bem com as pessoas”, publicados pela Editora Saraiva.