Na defensiva, Temer fica na moita e se finge de morto; o que será que ele pensa?

Pessoas com muita exposição popular precisam tomar cuidado na hora de abrir a boca. Independentemente de estarem certas ou erradas, sempre haverá alguém tentando transformá-las em escada para faturar em cima da sua fama. Até quando não falam absolutamente nada chegam a ser criticadas.

É o caso do cantor Roberto Carlos. Sempre evitou se envolver com assuntos polêmicos. Nunca vi o Rei externar opiniões políticas para defender ou atacar algum candidato. Não que ele não tenha preferências, mas, por saber que suas palavras seriam distorcidas, prefere cuidar apenas da sua carreira. Mesmo assim o criticam.

Significa, então, que ninguém deve dar opinião só para preservar a imagem e não criar polêmicas? É evidente que não. A liberdade de expressão é uma das mais importantes conquistas dos povos livres. Muita gente lutou e até morreu para que herdássemos esse direito de falar e expressar nossos pensamentos.

Pelé: o brasileiro não sabe ou não deve votar?

Pessoas famosas, entretanto, devem saber que uma vírgula proferida poderá se transformar num discurso. Quantos criticam Pelé pelos comentários que fez ao longo da vida. Se analisarmos bem, tirando o caso da filha não reconhecida, que não foi um comentário, mas sim uma atitude, quase nada poderia ser contestado.

Quando marcou o milésimo gol, sabendo que boa parte do país estava de olho naquele acontecimento, enquanto era carregado nos ombros repetiu várias vezes que precisávamos dar atenção às crianças. Se tivéssemos ouvido suas palavras, com certeza o problema das crianças no Brasil não teria a dimensão que tem hoje. Disseram que foi demagogo.

Quando ele disse que o brasileiro não sabe votar, quase lincharam o rei do futebol. Mesmo vendo essas tranqueiras que elegemos, ainda continuam a criticar Pelé por suas afirmações. Distorceram suas palavras como se ele tivesse dito que o brasileiro “não deve” votar. Disse que “não sabe”. E, na maioria das vezes, não sabe mesmo.

Temer: falar apenas o estritamente necessário 

Por causa do cargo e das circunstâncias, quem anda sob os holofotes nos últimos tempos é Michel Temer. É só abrir a boca que dirigem a artilharia pesada sobre ele. Há pouco tempo, disse que seria difícil Dilma concluir o mandato se continuasse com popularidade tão baixa. Uma verdade insofismável. Desceram-lhe a chibata.

Como é um político muito habilidoso, recuou, disse que o contexto era outro e se retirou nas sombras da coxia. Por saber que suas palavras ganharão proporções inimagináveis, só fala o estritamente necessário. Mesmo assim, evitando dar opiniões que possam ser distorcidas. Qualquer manifestação poderá ser encarada como tentativa de usurpar o cargo da presidente. 

Para não correr riscos, mesmo sendo experiente, para se manifestar ou se calar ouve o conselho de pessoas com larga visão política, como Delfim Netto, Moreira Franco e Eliseu Padilha. Temer sabe que falar é importante, mas que, em certas ocasiões, ficar na moita e se fingir de morto pode ser ainda mais prudente.

A estratégia de medir as palavras para ele como político é correta. Para nós, brasileiros, todavia, nem tanto. Gostaríamos de saber o que ele pensa de verdade. Quem sabe no meio dos embates que se seguirão, Temer saia da defensiva e revele o que tem em mente. Para ele, talvez não seja a melhor opção, mas, para nós, seria o ideal.

Superdicas da semana:

Siga os preceitos bíblicos quando tiver dúvida se deve ou não falar.

• Pv 10.19 – No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente.
• Sl 141.3 – Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios.
• Pv 15.1 – A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.

Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse assunto: "Assim é que se fala", "Como falar corretamente e sem inibições", "Oratória para advogados e estudantes de direito", "Superdicas para falar bem", "Conquistar e influenciar para se dar bem com as pessoas" e "As melhores decisões não seguem a maioria", publicados pela Editora Saraiva.

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