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Reinaldo Polito

Discursos dos presos na Lava Jato perdem credibilidade e provocam risos

02/12/2015 06h00

Os últimos acontecimentos, com as prisões dos mais importantes políticos, empresários e executivos do país, parecem dar a impressão de que os crimes e as falcatruas não estão mais compensando. Há uma contida esperança de que a impunidade talvez esteja ficando no passado. Os otimistas acham que mais gente desse naipe ainda pagará pelo que fez.

A maioria não é ingênua a ponto de pensar que os crimes vão acabar. Pelos últimos acontecimentos, entretanto, alguns já arriscam um vislumbre de que a história do país começa a ser contada por um viés muito mais promissor. Uma sensação de justiça que talvez nunca tenha sido experimentada. Gente graúda passando meses trancafiada.

Algumas dessas personalidades, respeitadas até há pouco tempo, ficaram com a imagem tão manchada que provocam risos, ironia e até mesmo sarcasmo quando tentam se defender ou justificar seus deslizes de conduta. Seus discursos perderam credibilidade porque estão divorciados de seus atos. São verdadeiros atores que apenas interpretam, sem sentir ou experimentar de fato o que dizem.

Em seu artigo “Sem Pão, mas com Circo”, Hélio Schwartsman diz com muita propriedade: “Alternamos entre a ópera-bufa, em que personagens burlescos oferecem explicações satíricas para suas ações (gesto humanitário, prêmio de sorteio), e a tragédia, já que as consequências da dupla crise são funestas”. (Folha de S.Paulo)

Se analisarmos cada um desses que estão atrás das grades, poucos são os que não dominam a arte de falar em público. A maioria tem discurso persuasivo e até eloquente. Quase todos sabem como ordenar o raciocínio, escolher as palavras apropriadas, usar o tom de voz adequado e gesticular na medida certa.

Ao serem apanhados pelas delações premiadas, ou nas gravações, o castelo construído pelos discursos tão bem produzidos desmoronou. Não há palavra que se sustente sem o respaldo das ações. Os exemplos atuais demonstram que em algum momento o descompasso entre o discurso e o comportamento será notado. 

Como dizia Quintiliano nas “Instituições Oratórias” ao tratar da credibilidade na comunicação: “Posso eu porventura esperar que o juiz se condoa de um mal, que eu conto sem dor alguma? Indignar-se-á vendo que eu mesmo, que o estou excitando a isso, sou o que menos me indigno? Fará parte das suas lágrimas a um advogado, que está orando com os olhos enxutos?”.

Falar bem não é teatro. Uma pessoa pode até comover e fazer chorar. Se, entretanto, o que diz não estiver de acordo com seus sentimentos, conseguirá até ser visto como um bom ator, jamais como orador. Da mesma maneira, se o que diz não se sustentar em seus atos, assim como tem ocorrido com as dezenas de pessoas apanhadas nas teias da Lava Jato, seus discursos encontrarão apenas desconfiança e descrédito.

Superdicas da semana

  • Não terá credibilidade quem diz o que não sente
  • Cairá no descrédito quem prega sem respaldo de suas ações
  • Nossa reputação nos precede. Somos avaliados antes de pronunciarmos a primeira palavra
  • Não seja ingênuo de dizer tudo o que pensa, mas sábio para pensar tudo o que vai dizer

Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: “Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas”, "As Melhores Decisões Não Seguem a Maioria", publicado pela Editora Saraiva, e "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante.

Para outras dicas de comunicação, entre no meu site (link encurtado: http://zip.net/bcrS07)
Escolha um curso adequado as suas necessidades (link encurtado: http://zip.net/bnrS3m)

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