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Reinaldo Polito

Sessões Pinóquio da Lava Jato são aula de comunicação para o seu trabalho

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Imagem: Divulgação

02/02/2016 06h00

O caso Lava Jato se transforma em aula prática de comunicação. Já nos acostumamos ao desfile de empresários, doleiros e políticos escoltados pelo folclórico “Japonês da Polícia Federal”. Em seguida, temos a sessão Pinóquio. Muitos deles tentam se defender com alegações que não se sustentam diante das investigações.

Conclusões apoiadas em argumentos falsos são chamadas falácias. A partir de uma suposição enganosa ou de uma evidência falsa, chega-se a determinada conclusão.

Basicamente há dois tipos de falácias:

1 - As intencionais, quando o argumento é sabidamente incorreto ou inconsistente, mas usado mesmo assim com a intenção de ludibriar. São os sofismas.

2 - E as involuntárias, quando, sem se dar conta da incorreção ou inconsistência do argumento, ele é usado para se chegar a determinada conclusão. Nesse caso, a falácia é denominada paralogismo.

Ainda que alguns estudiosos julguem que o paralogismo seja um sofisma, vamos considerar aqui que sejam dois tipos distintos de falácia.

Embora nem sempre seja possível deduzir com segurança se houve ou não intenção de usar premissas falsas para obter conclusões, com a combinação de depoimentos, indícios, evidências e até de algumas suposições, a chance de que ocorram enganos praticamente desaparece.

O recurso utilizado por alguns dos acusados na operação Lava Jato, o maior caso de desvio de recursos públicos de que se tem notícia, é o sofisma. Sabem que seus argumentos são inconsistentes, mas ainda assim procuram inferir conclusões respaldadas nessas premissas insustentáveis.

Até alguns advogados são apanhados de surpresa. Ficam sabendo dos malfeitos dos seus clientes pelo resultado de delações premiadas.

Na vida corporativa, a história pode ser semelhante. Movidos pela vontade de obter resultados a qualquer custo, alguns profissionais atropelam os escrúpulos, usam argumentos falaciosos e sofismam para chegar aos objetivos desejados. Em muitos casos, conseguem seu intento diante da falta de rigor de quem os avalia.

Há ainda nesse mesmo ambiente corporativo casos de profissionais que sustentam suas teses em suposições equivocadas sem ter a consciência de suas inferências enganosas. Assim como na hipótese anterior, se não houver avaliação criteriosa, as conclusões equivocadas também poderão prevalecer.

O profissional inescrupuloso, que forja intencionalmente premissas enganosas, precisa sofrer as consequências de seus atos. Como brincadeira, poderíamos dizer que merece a visita do “Japonês da Federal”.

Para quem, entretanto, avalia a consistência dos argumentos, não importa se houve ou não intenção de lançar mão de evidências falsas, mas sim se as conclusões estão corretas e se foram deduzidas de premissas irrefutáveis.

Superdicas da semana

  • As falácias podem ser sofismas ou paralogismos
  • Se a conclusão se baseia em premissas falsas intencionais, é um sofisma
  • Se a conclusão se baseia em premissas falsas não intencionais, é um paralogismo
  • Antes de aceitar uma conclusão, avalie a consistência dos argumentos

Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "Como Falar Corretamente e Sem Inibições" e “Assim é que se Fala” publicados pela Editora Saraiva; e "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante.

Para outras dicas de comunicação, entre no meu site (link encurtado: http://zip.net/bcrS07)
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