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Reinaldo Polito

O que você pode aprender com Steve Jobs, Obama, Lula e Faustão?

Empresário americano Steve Jobs que fundou a Apple - Getty Images
Empresário americano Steve Jobs que fundou a Apple Imagem: Getty Images

03/10/2017 04h00

Sou questionado com frequência sobre a qualidade da comunicação das mais diversas personalidades, desde aquelas ligadas ao mundo corporativo, passando por políticos, até os que apresentam programas de televisão. Os mais mencionados são Steve Jobs (1955-2011), do mundo corporativo; Obama e Lula da política; e Faustão do entretenimento.

O que acontece com a comunicação dessas personalidades, guardadas as devidas proporções, é o mesmo que ocorre na vida corporativa. A maneira de falar e de se relacionar tem influência direta na imagem profissional, no desenvolvimento e no sucesso da carreira.

Embora queiram saber minha opinião, na maioria das vezes as pessoas desejam mesmo é expressar o que pensam, ou para criticar ou para elogiar. Quase todos elogiam Steve Jobs, e os que fazem críticas não se referem à comunicação dele, mas sim como se relacionava com as pessoas na condução dos seus negócios.

Esse é um aspecto muito importante no comportamento profissional. Há casos em que as pessoas se expressam muito bem, falam em público com desenvoltura, mas nem sempre se relacionam com seus pares, subordinados e superiores hierárquicos como deveriam. Essa é uma reflexão relevante, pois a maioria é contratada pela competência, mas demitida pelo comportamento.

Obama é sempre elogiado, talvez pelo fato de o contato não ser tão próximo, e suas aparições serem normalmente aquelas programadas para que ele se mostre com imagem bastante positiva. Uma ou outra gafe isolada não chega a ser motivo de críticas. Ao contrário, esses episódios negativos são esquecidos rapidamente.

Um profissional não deve se furtar a situações que exijam comprometimento e até atitudes ousadas. As organizações buscam pessoas que sabem correr riscos bem planejados para vencer a concorrência acirrada num mercado cada vez mais competitivo. Por outro lado, estar no meio de conflitos sem necessidade, aparecendo o tempo todo em situações que só podem prejudicar a imagem, sempre que for possível deve ser evitado.

Lula é figura polêmica. Já foi endeusado por ser um dos mais competentes oradores da política brasileira de todos os tempos e bastante criticado nos últimos tempos. Segundo a Folha de S.Paulo desta segunda-feira (2), a maioria no país quer Lula preso. É curioso que mesmo aqueles que falam dos seus defeitos sempre fazem ressalva à sua ótima capacidade de comunicação.

As conquistas e as realizações que marcaram a carreira bem-sucedida de um profissional não garantem que seja admirado e reverenciado para sempre. Somos avaliados o tempo todo. Por mais competente que seja o profissional, um deslize pode, às vezes, comprometer toda sua trajetória vitoriosa.

Faustão é um caso especial. Mesmo quando recebeu críticas, jamais abandonou seu lado irreverente, alegre e espirituoso com que se apresenta. Quando saiu da Band e se transferiu para a Globo, diziam que não daria certo porque na nova emissora teria de mudar seu jeito de ser. Não mudou. Ainda que correndo riscos, manteve a postura e está lá há mais de 30 anos mantendo elevados níveis de audiência e sendo um dos apresentadores mais bem pagos da televisão brasileira.

Há situações em que um profissional é pressionado pelas circunstâncias a mudar o comportamento. Se essa mudança for mesmo necessária e não violentar suas características espontâneas, a tentativa deve ser considerada.

Se, por outro lado, tiver de agredir suas crenças e perceber que agindo de maneira diversa será infeliz, deverá tentar tudo o que estiver ao seu alcance para continuar seguindo a linha de conduta na qual acredita. Afinal, as melhores decisões nem sempre seguem a maioria.

As pessoas que se tornaram conhecidas em suas atividades, vencendo ou perdendo com suas decisões e pela forma como se comportam, podem se tornar bons exemplos para que possamos aprender a refletir a respeito de nossas próprias ações. Às vezes aprendemos mais com aqueles que erraram, pois saber como não agir pode ser um bom rumo para acertarmos.

Superdicas da semana

  • Profissionais são contratados pela competência e demitidos pelo comportamento
  • Aparecer muito sem necessidade pode prejudicar a imagem
  • Conquistas do passado não garantem necessariamente sucesso futuro
  • Mesmo enfrentando pressões, quando julgar certo, é preciso manter a firmeza de princípios

Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante. "As Melhores Decisões não Seguem a Maioria", “Oratória para advogados”, "Assim é que se Fala", "Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas" e "Como Falar Corretamente e sem Inibições", publicados pela Editora Saraiva. “Oratória para líderes religiosos”, publicado pela Editora Planeta.

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