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Reinaldo Polito

Até advogado pode ser trocado por robô; veja como foco garante sua carreira

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Imagem: Shutterstock

30/01/2018 04h00

Seria possível determinar uma distinção entre foco na carreira e foco na atividade. Ter foco na carreira é canalizar todos os esforços e energia no aprendizado, desenvolvimento e aperfeiçoamento de uma atividade profissional. Por exemplo, o advogado tributarista que se especializa e se aprofunda cada vez mais nessa função.

Agindo assim, o profissional se torna referência no que faz. Mesmo que haja uma infinidade de profissionais exercendo determinada atividade, disputando avidamente as oportunidades do mercado de trabalho, os que se notabilizam em sua área serão sempre requisitados e, em certos casos, até disputados para algumas tarefas.

O foco na atividade possui contornos diferentes. Pressupõe que o profissional se dedique por inteiro, sem distrações às tarefas que precisa cumprir. Para isso, necessita de planejamento e estabelecer um cronograma criterioso das etapas a serem observadas. De nada adianta ser um profissional competente se vive disperso, sem foco no que precisa ser realizado.

Ter foco na carreira, todavia, não significa se acomodar apenas e tão somente nos conhecimentos da sua área. Sabemos que cada vez mais as profissões são interligadas e exigem conhecimentos multifuncionais. Além de conhecer com profundidade as inovações que surgem a todo instante em sua atividade, é necessário que tenha conhecimentos sobre diversas áreas.

O foco na carreira, portanto, é essencial. O que não significa, porém, tratá-la como um fenômeno isolado, sem ligações com o mundo que a cerca. Como pode, por exemplo, um profissional que se destaca em marketing ficar alheio ao que ocorre com as inovações da Omnichannel (uma tendência do comércio varejista que pressupõe a utilização de todos os canais online e off-line disponíveis)?

Da mesma forma, qualquer que seja a atividade desempenhada, todos os profissionais, além do foco quase obsessivo que precisam empreender em sua área, devem cada vez mais dominar a arte de falar em público, o mundo da informática, os pontos essenciais das ciências contábeis, do mercado financeiro, das leis tributárias, do comércio internacional, etc.

Alguns estudiosos, talvez tirando até conclusões afoitas, preveem a chegada iminente do trans-humanismo, que é o uso da tecnologia para transformar o homem atual em um ser mais competente, ampliando seu potencial físico, comportamental e intelectual. Seria assim uma espécie de ser pós-humano.

Ora, mesmo que esse caminho supostamente inexorável imposto pela tecnologia não se realize de forma plena, a verdade é que não seremos mais os mesmos dentro de algum tempo. E o profissional que permanecer desatento e não se preparar para essa nova realidade é sério candidato a ficar alijado do mercado de trabalho. Para isso, deve ser um eterno observador, para identificar as mudanças que se avizinham no desenvolvimento e transformação da sua carreira.

Se analisarmos bem, de alguma maneira, já vivemos em um mundo quase irreal, se comparado com o mundo de duas, três décadas atrás. Muitas das profissões que faziam sucesso há 20 ou 30 anos desapareceram. Na verdade, algumas se transformaram, modificadas pela chegada de uma tecnologia nova, pulsante, que exige interatividade, rompendo barreiras de tempo e lugar.

Com o aprimoramento do carro automático, que já circula em caráter experimental em diversas cidades importantes do mundo, muito provavelmente, os motoristas não serão mais necessários. Esses profissionais terão de se reinventar.

Até os advogados, que exercem atividade extremamente complexa, perderão parte significativa de suas funções. Pelo menos não serão mais os profissionais que conhecemos hoje. Viverão uma realidade totalmente distinta, muito diferente daquela que desempenham nos dias atuais.

Programas sofisticados identificarão as características da causa, pesquisarão todos os artigos direta e indiretamente relacionados a ela, analisarão a jurisprudência, mostrarão as varas que costumam ter comportamento mais ou menos favorável ou contrário a processos semelhantes e que tipo de acordo seria conveniente. Tudo antes de a causa entrar para julgamento.

Os advogados não deixarão de atuar, mas terão de vislumbrar uma forma diversa de utilizar o conhecimento que possuem ou podem possuir. E esse futuro não está distante, pois há experiências amparadas na tecnologia sendo realizadas nos departamentos jurídicos de várias grandes empresas.

Hoje há também programas que conseguem, sem a interferência de escritores, redigir bons textos a partir de temas sugeridos. E estamos apenas na idade da pedra se pensarmos no que poderá ocorrer nos próximos anos.

Como membro do conselho de professores do IBMEC noto que essa é uma conversa recorrente nas nossas reuniões – o que precisamos fazer já para que os nossos alunos cheguem prontos e muito bem preparados para esse novo mercado de trabalho? Em todas as situações, porém, há uma certeza – seja qual for a atividade escolhida, o profissional precisará sempre ter foco na sua carreira. E nunca dispersar o foco das suas atividades.

Outra experiência que me obriga a refletir sempre sobre esse tema é minha atividade voluntária como presidente da ONG Via de Acesso, que capacita jovens para ingressar no mercado de trabalho. No Fórum de Carreira que realizamos há 13 anos, com mais de dez mil jovens inscritos em cada edição, convidamos para proferir palestra consultores e CEOs das mais importantes organizações.

O objetivo desses eventos é o de capacitar os jovens nas mais diferentes áreas para que possam aprender a ampliar seu campo de visão e compreender que sua formação precisa ser a mais completa possível. Alguns se surpreendem quando ouvem o CEO dizer quais as qualificações exigidas para ingressar na empresa.

Não foram poucos aqueles que revelaram que para pretender ingressar na empresa o candidato deve dominar pelo menos duas línguas. Talvez o profissional não chegue a usar as duas línguas, em alguns casos nenhuma, mas é o critério que adotaram para a primeira escolha dos seus colaboradores.

Portanto, para você se destacar na carreira e se tornar referência na atividade que abraçar tenha foco. Foco na carreira, para não se desviar do caminho, acompanhando todos os movimentos tecnológicos. E foco no desempenho de suas atividades para fazer bem o que precisa ser feito.

Superdicas da semana:

  • Tenha foco na sua carreira
  • Tenha foco no desempenho de suas atividades
  • Aprenda tudo o que puder sobre assuntos ligados à sua atividade
  • Saiba que a tecnologia estará cada vez mais presente na sua atividade

Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante. "As Melhores Decisões não Seguem a Maioria", “Oratória para advogados”, "Assim é que se Fala", "Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas" e "Como Falar Corretamente e sem Inibições", publicados pela Editora Saraiva. “Oratória para líderes religiosos”, publicado pela Editora Planeta.

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