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Reinaldo Polito

Jovem, idoso, inculto, sofisticado: saiba falar de acordo com seu público

17/07/2018 04h00

Veja no vídeo acima como tratar de forma adequada os diferentes tipos de ouvintes. Saiba também como adaptar a mensagem de acordo com as características predominantes do público. São esses cuidados que podem tornar uma apresentação bem-sucedida.

Há pouco tempo, um palestrante me procurou para levantar a seguinte questão: “Polito, fiz uma palestra na semana passada e foi um sucesso. Terminei aplaudido de pé. O fato curioso é que fiz a mesma palestra nesta semana para outra plateia, e ninguém reagiu. O que será que aconteceu?”

A resposta parece ser bastante simples – o palestrante não foi bem-sucedido na segunda palestra porque não mudou o jeito de falar quando estava diante de pessoas diferentes. Não teve o cuidado de adaptar a maneira de transmitir a mensagem para as características do público que, agora, era distinto daquele para quem havia falado na primeira vez.

Aqui reside, possivelmente, o maior desafio da arte de falar em público – saber adaptar a maneira de se expressar de acordo com as características, anseios e motivações dos ouvintes. Muitas vezes, e já diante da plateia, o orador precisa reorientar o rumo da sua apresentação.

O profissional imaginava, por exemplo, que iria falar para pessoas leigas em determinado assunto, mas constatou que a plateia era predominantemente composta de especialistas. Em circunstâncias como essa, se a pessoa não tiver sensibilidade para perceber que havia se equivocado e insistir em seu plano inicial, não logrará êxito.

Temos de tomar todas as precauções com antecedência. Buscar informações precisas sobre quem serão as pessoas que estarão presentes naquela reunião. Que tipo de conhecimento possuem sobre o tema? O assunto faz parte das atividades delas? Qual será a faixa etária predominante dos participantes? O público será ou não heterogêneo? As pessoas comparecerão espontaneamente ou foram obrigadas pela empresa que representam?

Além dessas informações mais concretas, é preciso saber ainda quais são as motivações dos ouvintes, que tipo de informação esperam receber e se haverá ou não resistências a respeito das questões que serão abordadas. De posse desses dados, o orador poderá planejar de forma mais eficiente as estratégias que deverá seguir.

Se, por exemplo, a plateia for predominante jovem, abordará a mensagem falando do futuro, de desafios, de mudanças. Se, entretanto, o público for predominante idoso, a abordagem será distinta, pois deverá falar do passado, do acúmulo de experiências, dos cuidados a serem tomados na implantação do projeto.

Assim também se os ouvintes forem predominantemente incultos, de maneira geral, o orador irá evitar assuntos complexos ou abstratos, não fará brincadeiras com ironias finas, não pedirá que reflitam sobre os argumentos apresentados para que cheguem sozinhos às conclusões, pois seria vã a tentativa de fazê-los, sem ajuda, levar a cabo essa empreitada.

Nesse caso, as informações deverão ser claras, simples e concretas. Cada conceito relevante terá de ser acompanhado de uma história para ilustrar e facilitar o seu entendimento. Após os argumentos, se pedir a reflexão da plateia, terá de dar também a conclusão, pois, nessa situação o trabalho de interpretar as questões debatidas será sempre do orador, não dos ouvintes.

O tratamento, quase sempre, será diferente quando tiver de falar para pessoas com bom preparo intelectual. Os pensamentos poderão ser abstratos e complexos. Haverá espaço para as brincadeiras sutis. Após expor os argumentos, poderá pedir a reflexão e deixar que o público chegue sozinho às conclusões.

Quanto mais informações tivermos sobre o público, maiores serão as chances de sucesso. Se, entretanto, formos surpreendidos ao nos depararmos com pessoas distintas daquelas que havíamos imaginado, sem hesitar, devemos fazer todas as adaptações necessárias para ir ao encontro dessa nova realidade.

Superdicas da semana:

  • Para ouvintes jovens, fale do futuro
  • Para ouvintes idosos, fale do passado
  • Para pessoas incultas, fale de maneira simples e conte histórias
  • Para pessoas cultas, peça que reflitam e cheguem sozinhas às conclusões

Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante; "As Melhores Decisões não Seguem a Maioria", “Oratória para advogados”, "Assim é que se Fala", "Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas", “Superdicas para escrever uma redação nota 1.000 no ENEM” e "Como Falar Corretamente e sem Inibições", publicados pela Editora Saraiva; e “Oratória para líderes religiosos”, publicado pela Editora Planeta.

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