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Carla Araújo

Ministros dirão que eventual exaltação de Bolsonaro em reunião "é natural"

Bolsonaro na marcha rumo ao STF ao lado do general Luiz Eduardo Ramos - Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
Bolsonaro na marcha rumo ao STF ao lado do general Luiz Eduardo Ramos Imagem: Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em Brasília

12/05/2020 14h28Atualizada em 12/05/2020 16h55

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Apesar de uma certa ansiedade entre interlocutores do presidente Jair Bolsonaro por conta dos depoimentos que serão prestados hoje à tarde no Palácio do Planalto, os ministros que serão ouvidos têm repassado a auxiliares que o momento continua sendo de tranquilidade. A argumentação dos ministros deve ser de que o presidente não interferiu, e uma fala ou outra mais exaltada não deve ser considerada como pressão.

À coluna, um general que não faz parte diretamente do governo, mas que convive e conhece bem os ministros palacianos, disse que até mesmo eventuais desentendimentos entre eles podem ter "discussões acaloradas e soluções pacíficas"

"Nos trabalhos de Estado-maior estimulamos a todos opinarem, apresentarem suas sugestões e ideias. As conversas são na maioria das vezes muito acaloradas. Até o momento em que o Comandante, Chefe ou mais antigo bate o martelo. A partir daí somos treinados a atuar como se aquela decisão fosse a de cada um, independentemente de concordarmos ou não", explicou o pensamento que guia a doutrina dos militares.

Outro auxiliar do presidente ressaltou que o temperamento de Bolsonaro é acalorado, que inclusive isso fica público nas interações com a imprensa, quando mandou repórteres calarem a boca, justamente para rebater de que não tinha feito nenhuma interferência na Polícia Federal.

"Um grito, uma fala mais exaltada não deve ser classificada como crime ou interferência", defendeu outro auxiliar.

Personalidades

Para outro militar de alta patente, que conhece bem os ministros, o general Heleno tende a ser o mais pragmático. "Ele vai dizer que o presidente tem uma postura contundente e direta na condução das reuniões ministeriais". Na avaliação desta mesma fonte, Braga Netto deve ser mais conservador: "Imagino que vai limitar a responder de forma monossilábica o que será perguntado".

Já Ramos, de acordo com esse general, deve adotar um tom mais conciliador: "Ele vai defender o amigo e amenizar as falas do presidente".

Os depoimentos

O Palácio do Planalto receberá daqui a pouco investigadores da Polícia Federal e procuradores que irão colher os depoimentos dos ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Walter Braga Netto (Casa Civil), a respeito das acusações do ex-ministro Sergio Moro de que o presidente teria cometido "Ingerência política" ao pedir a troca do comando da Polícia Federal em uma reunião no Palácio do Planalto, no dia 22 de abril.

Todos os ministros falarão a partir das 15 horas em seus gabinetes individuais. Nenhum assessor poderá acompanhar o depoimento, somente os investigadores e os ministros. O quarto andar do Palácio do Planalto, onde ficam as salas dos ministros, terá a uma restrição de circulação durante o período que estiverem sendo colhidos os depoimentos.

De acordo com um auxiliar, a decisão de ampliar a segurança e restrição no local é evitar vazamentos. "Serão três ministros em oitivas, melhor evitar", disse uma fonte.

Em suas agendas oficiais, Braga Netto reservou apenas duas horas para falar com os investigadores: das 15 às 17 horas. Já Ramos, colocou que o compromisso de realizar a Oitiva testemunhal do Inquérito 4831 pode ter até três horas de duração, programando para encerrar às 18 horas. Heleno, por sua vez, não colocou horário para o término de sua oitiva.