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Carla Araújo

Bolsonaro dá liderança da Câmara ao centrão e indica ex-ministro de Temer

Novo líder, Ricardo Barros foi ministro da Saúde de ex-presidente - Alan Marques/ Folhapress
Novo líder, Ricardo Barros foi ministro da Saúde de ex-presidente Imagem: Alan Marques/ Folhapress

colunista do UOL, e Guilherme Mazieiro, do UOL em Brasília

12/08/2020 17h36Atualizada em 12/08/2020 20h45

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O presidente Jair Bolsonaro decidiu finalmente concretizar a mudança na liderança da Câmara e trocou o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) pelo ex-ministro de Michel Temer, o deputado Ricardo Barros (PP-PR). A substituição já vinha sendo estudada desde o início de julho para acomodar ainda mais o centrão e garantir governabilidade ao presidente.

A demora era justificada pelo fato de que Vitor Hugo, apesar de problemas e falhas na articulação, é um aliado de primeira hora do presidente e não poderia ser abandonado. Há quem cogite que Vitor Hugo pode inclusive ganhar um ministério, caso Bolsonaro faça ajustes na estrutura da Esplanada.

Segundo um auxiliar do presidente, a decisão de levar Vitor Hugo para algum ministério ainda não está tomada, mas ele continuará sendo um ponto de apoio ao presidente no Congresso.

Assim como o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, que esta semana está de férias, Vitor Hugo era alvo de fritura por parte dos parlamentares. Já Ricardo Barros, que foi ministro da Saúde de Temer e é mais experiente no Congresso, continuou angariando apoio.

Nesta tarde, o novo líder na Câmara agradeceu ao presidente pelas redes sociais.

Minutos depois, foi a vez de Vitor Hugo fazer se manifestar sobre a troca.

A oficialização da troca acontecerá na próxima terça-feira, segundo a assessoria de Vitor Hugo "por questões burocráticas".

Pronunciamento

Vitor Hugo e Ricardo Barros participaram do pronunciamento convocado pelo presidente Jair Bolsonaro, após uma reunião que discutiu, entre outros assuntos, a manutenção do teto de gastos. Ao lado dos presidentes do Senado Federal, Davi Alcolumbre; da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, Bolsonaro defendeu a bandeira fiscal de Guedes.

Ontem, ao anunciar uma debandada no ministério da Economia, Guedes afirmou que não deixaria ministros "fura teto" aconselharem o presidente.

Pauta dividida

Os desafetos Paulo Guedes (Economia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) também estavam ao lado do presidente. Eles são neste momento os personagens antagônicos na condução da política econômica do presidente, cada vez mais focado em um projeto de reeleição.

Bolsonaro tentou minimizar as baixas na equipe de Guedes, que ontem sofreu a debandada com a saída de Paulo Uebel e Salim Mattar, e fez acenos de que mantêm apoio a agenda de Guedes.

Amanhã, no entanto, o presidente afagará o outro lado e já tem agenda de inauguração de obras com investimento público ao lado do adversário de Guedes: Rogério Marinho.

Representante Temer

A aproximação de Ricardo Barros, além de atrair o centrão, mostra mais proximidade de Bolsonaro com o ex-presidente Michel Temer.

Cacique antigo do MDB, Temer foi escolhido pelo presidente para representar o Brasil em uma missão humanitária no Líbano.

O aceno cordial de Bolsonaro ao antecessor interessa ao governo porque o partido desembarcou recentemente do centrão, mas pode rachar o MDB.

Hoje, Bolsonaro foi a São Paulo encontrar Temer antes da partida ao Líbano. Para poder viajar, o ex-presidente teve que pedir autorização judicial, já que é réu e tem no total seis ações penais em curso.