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Carla Araújo

Guedes prometeu superanúncio de medidas, mas faltou combinar com Bolsonaro

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes - Evaristo Sá/AFP/24-05-2019
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes Imagem: Evaristo Sá/AFP/24-05-2019

Do UOL, em Brasília

24/08/2020 16h52Atualizada em 24/08/2020 17h37

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Em uma reunião na tarde desta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro conheceu melhor os planos para o superanúncio de medidas econômicas que o ministro da Economia, Paulo Guedes, estava planejando para amanhã.

Diante de divergências, Bolsonaro avisou: "vamos cancelar o evento".

Estavam na reunião no gabinete presidencial os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), além de técnicos e secretários da economia.

Causou incômodo entre fontes do governo o anúncio prévio de Guedes na semana passada. Segundo um auxiliar do presidente, Guedes prometeu um grande anúncio, mas "faltou combinar com o chefe".

Auxílio emergencial

No encontro, além de tratar dos programas Renda Brasil, o Bolsa Família ampliado, e Pró-Brasil, o presidente pediu atenção total para o auxílio emergencial. O anúncio da prorrogação do benefício, sim, ele quer fazer o quanto antes.

Já é consenso que o benefício será estendido, pelo menos, até dezembro, e o debate principal é em torno do valor. Segundo um ministro, a possibilidade maior hoje é pagar a metade dos R$ 600, ou seja, as próximas parcelas seriam de R$ 300.

Segundo fontes do Ministério da Economia, o adiamento das medidas se explica justamente por conta da prorrogação do auxílio emergencial. Ciente de que a medida vai pesar no rombo fiscal, Guedes quer já poder mostrar que tem planos alinhados e não abandonará a sua agenda de compromisso fiscal.

PECs e Renda Brasil

Na reunião, Guedes e sua equipe mostraram a intenção de criar o programa Renda Brasil ao unificar as PECs (Propostas de Emenda à Constituição) já existentes no Congresso.

Segundo uma fonte, porém, pensar em PEC —matéria que exige ampla votação— acaba postergando sua aplicação.

Pró-Brasil

O Pró-Brasil, que foi gestado pela Casa Civil, não deve ser colocado no mesmo pacote que o Renda Brasil.

A ideia neste caso é usar um projeto de lei com crédito suplementar de até R$ 5 bilhões para tirar o programa do papel.

A definição do destino do recurso neste caso está sendo discutida no Planalto, entre Secretaria de Governo e Casa Civil. A ideia é colocar recursos em projetos que já estão em andamento e têm mais chance de serem concluídos.

Todas as pastas enviaram ao governo suas demandas, mas os ministros Rogério Marinho (desenvolvimento Regional) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura) devem ser os mais contemplados.

O governo quer enviar esse projeto de lei o quanto antes ao Congresso, já que ele tem que ser aprovado pelos parlamentares.

"Crime" dos senadores

No Palácio do Planalto ainda há incômodo com a recente declaração de Guedes, que afirmou que senadores haviam cometido crime ao derrubar o veto do presidente ao reajuste dos servidores.

Justamente por isso, o governo pretende, antes de fechar o projeto de lei que trará recursos para o Pró-Brasil, fazer uma reunião com os líderes, para que eles possam conhecer o projeto e ajudar na articulação.