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Carla Araújo

Receio no Planalto é que exista áudio que desminta versão de Marinho

Presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, durante cerimônia em Brasília (DF) - ADRIANO MACHADO
Presidente Jair Bolsonaro ao lado do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, durante cerimônia em Brasília (DF) Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em Brasília

02/10/2020 18h22

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Auxiliares do presidente Jair Bolsonaro viram na fala de Paulo Guedes, de que o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) seria "despreparado, desleal e fura-teto" caso tenha falado mal do ministro da Economia, um potencial problema, com possibilidade de desestruturar a equipe do presidente.

O grande temor, segundo duas fontes palacianas, é a possibilidade de um áudio com a fala de Marinho vir a ser público e eventualmente confirmar as supostas críticas a Guedes.

Em nota, Marinho negou que tenha dado qualquer declaração para desqualificar Guedes.

A avaliação de auxiliares de Bolsonaro é que o momento é de não acirrar a disputa. Seria preciso esclarecer melhor o episódio para que depois o presidente converse com seus ministros.

As supostas declarações de Marinho chegaram em Brasília e reacenderam os ânimos. Aliados de Guedes dizem que o ministro do Desenvolvimento tem, sim, defendido nos bastidores o fim do teto de gastos e medidas das quais Guedes discorda.

Por outro lado, aliados de Marinho afirmam que Guedes não teve coragem de assumir a paternidade da proposta de utilização de precatórios para o Renda Cidadã e que sempre que há uma repercussão negativa das suas medidas ele gosta de acusar ministros da ala política.

Nesta sexta-feira, Marinho participou de uma reunião com pequeno grupo de economistas em São Paulo e, segundo informações do Broadcast, serviço de tempo real da Agência Estado, Marinho teria dito que o relator do Orçamento, senador Márcio Bittar, perdeu a confiança em Guedes após o recuo do ministro da Economia na proposta de usar precatórios para o Renda Cidadã. Além disso, Marinho teria feito reclamações de que a equipe econômica estaria "desgovernada".

A reunião em São Paulo foi realizada presencialmente, o que, na visão de alguns assessores do Planalto, pode diminuir as chances de que exista alguma gravação.

Apoio político

Marinho tem apoio de boa parte da ala política do governo. Apesar disso, auxiliares do presidente dizem que Guedes ainda goza da confiança de Bolsonaro.

Essas mesmas fontes reconhecem que falta traquejo político ao ministro da Economia, que a ala política do governo tem conseguido fazer pontes com parlamentares e que Guedes insiste em "falar demais".

Além disso, Marinho tem sido companhia frequente das agendas de viagens de Bolsonaro pelo país, e o próprio presidente já avisou que pretende continuar a percorrer o Brasil e inaugurar obras.

Nesta semana, Marinho conseguiu recursos via um PLN, projeto de lei do Congresso Nacional em que o Executivo solicita remanejamento do Orçamento. Na mensagem, o governo pede para remanejar R$ 6,1 bilhões do Orçamento. Desse total, R$ 2,3 bilhões serão destinados ao Ministério do Desenvolvimento Regional, justamente para obras.

Segundo um interlocutor de Bolsonaro, caso o áudio venha a aparecer será preciso uma operação para apagar um incêndio. Sobre de qual lado da briga estaria, esse auxiliar apenas respondeu: "do lado do presidente".