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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Exército quer contratar pesquisa para apurar desgaste de imagem

Militares do Exército Brasileiro higienizam seus trajes de proteção após realizarem a desinfecção dos vagões do Metrô do Rio de Janeiro em meio à epidemia de covid-19 - Estadão Conteúdo
Militares do Exército Brasileiro higienizam seus trajes de proteção após realizarem a desinfecção dos vagões do Metrô do Rio de Janeiro em meio à epidemia de covid-19 Imagem: Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

21/07/2021 04h00

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Desde 2018, o Exército se baseia em uma pesquisa contratada pela instituição e realizada pelo Instituto Qualitest Ciência e Tecnologia para dizer que a confiabilidade da sociedade brasileira nos militares gira em torno de 80%.

Os números certamente vão mudar agora em 2021, quando o Centro de Comunicação do Exército pretende abrir uma licitação para a realização de uma nova pesquisa. A ideia é que o levantamento comece a ser feito ainda neste ano. A conclusão, no entanto, pode ficar para 2022.

Na caserna, a avaliação é de que o impacto na imagem do Exército perante a sociedade tende a cair por pelo menos duas razões: o governo Jair Bolsonaro (e o alto número de militares ao lado do presidente) e a gestão do general Eduardo Pazuello, que ainda está na ativa, no comando da pasta da Saúde durante a pandemia do coronavírus.

O impacto na imagem das Forças Armadas, em particular no Exército, "é inegável", dizem generais que defendem a realização do novo levantamento.

Apesar de buscar dados mais atuais em relação à imagem do Exército, generais afirmam que o objetivo da pesquisa também será identificar a noção exata de como a instituição é percebida por diferentes faixas etárias e gênero.

Com o resultado em mãos a ideia é aprimorar as campanhas de ingresso nas Forças Armadas e melhorar a comunicação com a sociedade.

Ações na ponta

Se o envolvimento do Exército com a política tende a atrapalhar a imagem da instituição, a avaliação preliminar na caserna é de que o patamar de confiabilidade não deve ter uma queda muito brusca, já que, inclusive na pandemia, o Exército continuou presente em diversos grotões do país.

Os militares destacam que na pandemia, por exemplo, participaram de ações como a vacinação de indígenas, as campanhas de doação de sangue e alimentos, o transporte de insumos e oxigênio e a descontaminação de locais públicos.

"Nós não paramos em nenhum momento. Diria, até, que durante a pandemia nós intensificamos as ações. Duvido que haja uma instituição que tenha se esforçado mais que nossa Força nessa pandemia, e os exemplos são inúmeros", disse o comandante do Exército, general Paulo Sérgio, durante uma formatura militar, realizada em junho deste ano, no Quartel-General do Exército (QGEx), em Brasília.

Outros levantamentos

A percepção de que a política deve atrapalhar a imagem das Forças Armadas foi constatada também em uma recente pesquisa Datafolha, que apontou que a maior parte da população rejeita a nomeação de militares para cargos no governo federal.

Segundo o levantamento, 54% dos entrevistados são contrários à presença dos fardados nesses postos, ante 41% que são favoráveis.

Outro "efeito Pazuello" que deve impactar na imagem do Exército foi apontado em um segundo levantamento do Datafolha, publicado no dia 11 de julho, que mostrou que 62% dos brasileiros rejeitam a participação de militares da ativa em atos políticos, exatamente como fez Pazuello ao subir em um palanque com Bolsonaro.

Em relação à confiabilidade no Exército, em julho de 2019, o Datafolha divulgou uma pesquisa que mostrava que as Forças Armadas continuavam como a instituição brasileira em que a população brasileira mais confia, e os partidos políticos seguiam como o alvo da maior desconfiança, aponta pesquisa Datafolha.

Na ocasião, questionados sobre o grau de confiança nas Forças Armadas, 42% dos entrevistados responderam que confiam muito nos militares, 38% que confiam um pouco e 19%, que não confiam.