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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Leal a Bolsonaro, Onyx terá 4º ministério e quer ser 'a cara do emprego'

Do UOL, em Brasília

21/07/2021 13h25

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Aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro, o ministro Onyx Lorenzoni (DEM-RS) é o ministro que mais vezes trocou de cargo dentro governo.

Se confirmada a sua nomeação para o Ministério do Emprego e Previdência, que Bolsonaro já decidiu recriar, será o quarto cargo de primeiro escalão que Onyx irá ocupar.

O deputado, que embarcou na campanha de Bolsonaro logo no início, começou o governo em um dos cargos tidos como mais importantes: a Casa Civil.Sua falta de habilidade, porém, o fez perder o posto e o espaço no Palácio do Planalto.

Antes de tirar Onyx do ministério que é tido como "coração do governo", Bolsonaro esvaziou a pasta, não deixou mais nas mãos de Onyx a SAJ (Secretaria de Assuntos Jurídicos) e o PPI (Programa de Parcerias e Investimentos), por exemplo.

Em fevereiro de 2020, Onyx deu espaço para o general Braga Netto (hoje ministro da Defesa) e migrou para o ministério da Cidadania.

Na pasta que cuida dos programas sociais, como o Bolsa Família, Onyx chegou com a missão de tirar do papel o programa que chamaria Renda Brasil e substituiria o Bolsa Família.

Não teve sucesso. O novo modelo do programa social segue como promessa do governo. Neste cargo, Onyx ficou também cerca de um ano.

Em fevereiro de 2021, o presidente - já num afago ao centrão - decidiu colocar o deputado João Roma (DEM-BA) no lugar de Onyx.

Como uma espécie de prêmio de consolação, Bolsonaro levou de volta ao Planalto o fiel aliado e o colocou na Secretaria Geral, que estava vaga com a saída de Jorge Oliveira para uma vaga no TCU (Tribunal de Contas da União).

A Secretaria Geral é uma espécie de "prefeitura" do Palácio do Planalto cuida de assuntos burocráticos e não tem um papel político que dê visibilidade. Apesar de a SAJ, que antes ficava na Casa Civil, estar sob o guarda-chuva da pasta, desde a chegada de Onyx o atual titular da secretaria, Pedro Cesar Sousa, despacha diretamente com o presidente e tem autonomia nas ações.

Aposta no Trabalho

Onyx aceitou a mudança para a nova pasta com um propósito de melhorar o seu capital político. Aliados dizem que o ministro quer ser "a cara da retomada do emprego" no Brasil.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, que sempre resistiu à divisão de seu ministério acabou cedendo, mas, segundo fontes, fez um acordo com o presidente: o atual secretário da Previdência, Bruno Bianco, continuará no cargo e auxiliará a gestão de Onxy.

Apesar disso, fontes do ministério da Economia dizem ver com ceticismo essa manutenção e acreditam que Bianco participará da transição, mas, como de costume, depois Onyx levará "sua equipe" para a nova pasta.

Alvo da CPI

Onyx protagonizou recentemente um dos episódios que movimentou a CPI da Pandemia e senadores inclusive defendem que ele seja convocado a depor na volta do recesso.

O ministro é acusado de ter apresentado documento falso e ter mentido ao defender o presidente Bolsonaro de suspeitas envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin.

Ao rebater as acusações do deputado Luis Miranda (DEM-DF), Onyx anunciou que Bolsonaro mandaria a Polícia Federal investigar o deputado por "denunciação caluniosa".

Dança das cadeiras e novo aceno ao centrão

Bolsonaro foi convencido de que o momento é oportuno para uma nova dança de cadeiras e a principal mudança deve ser a chegada do cacique do PP, senador Ciro Nogueira (PP-PI) para ocupar justamente o posto da Casa Civil.

Caso a mudança seja confirmada, conforme auxiliares do presidente, o atual titular da pasta, Luiz Eduardo Ramos, irá para o lugar de Onyx.

Ramos também já passou por outras pastas. Chegou ao governo para ocupar a Secretaria de Governo, que cuida da articulação política, mas acumulou críticas no cargo, que foi entregue para Flávia Arruda, deputada (PL-DF), quando Bolsonaro resolveu fazer trocas em seis ministérios em março deste ano, já em um aceno ao centrão.

A chegada de Ciro ao Planalto é apontada por alguns auxiliares do presidente, que admitem ser mais uma jogada de aproximação com o centrão, como um ajuste em uma lacuna que sempre faltou na Casa Civil: "um profissional da política" no comando.