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Como saber se qualquer ação da Bolsa está cara ou barata?

César Esperandio

12/06/2020 04h00

Como você sabe se uma ação está cara ou barata e se é uma boa oportunidade de investimento?

Eu sou César Esperandio, economista do Econoweek, a tradução da economia e dos investimentos. E no vídeo acima vou mostrar um único indicador que você vai olhar para te ajudar a chegar a essa conclusão. Trata-se do Preço por valor patrimonial. Se estiver acima de 1, a ação pode estar cara. Se estiver abaixo de 1, pode ser uma boa hora para investir.

Mas, enquanto o preço por valor patrimonial da Oi está em 0,29 na data dessa publicação, muita gente acha que ela vai falir, e outras enxergam que essa desvalorização pode ser uma oportunidade.

Apesar de o P/VPA (outra maneira de escrever preço por valor patrimonial) indicar oportunidade de compra, o risco da Oi é tão grande que destaca a relação de Risco e Retorno na Bolsa, e tem até corretora dando suas ações de graça!

Então, será que dá para avaliar esse número de maneira tão simples assim?

Vamos à análise do Preço por valor patrimonial de uma ação.

VPA: Valor Patrimonial por Ação

A fórmula do preço por valor patrimonial da ação é P/VPA. O "P" é o preço da ação e o "VPA" é o valor patrimonial por ação, um número que mostra o quanto do patrimônio da empresa pertence ao dono de cada ação.

Para chegar a esse valor, basta dividir o patrimônio líquido pela quantidade de ações emitidas por essa empresa. Por sua vez, o patrimônio líquido da empresa é a diferença entre seus ativos e seus passivos, um menos o outro.

O patrimônio líquido total é um indicador que você encontra nos balanços das empresas, enquanto o valor na Bolsa é mostrado a todo instante nas plataformas das corretoras ou mesmo no site da Bolsa. Mais para frente te falarei como calcular o patrimônio por ação.

Resumidamente, os ativos são as propriedades de uma empresa, como máquinas e equipamentos, prédios, estoque, dinheiro em caixa, pagamentos a receber etc.

Seus passivos incluem, dentre outras coisas, pagamentos a fornecedores, a funcionários e empréstimos.

Ao fazer a conta do total de ativos menos o total de passivos, você chega ao patrimônio líquido da empresa.

Patrimônio líquido

Vamos entender melhor o conceito de patrimônio líquido? A gente está falando de ações de empresas, mas vou dar um exemplo de um caso mais próximo ao dia a dia.

Vamos supor que você não possua nenhum bem e a primeira coisa que vai comprar é uma moto. Se você comprar essa moto por R$ 2 mil, significa que tem um patrimônio líquido de R$ 2 mil? Não necessariamente.

Você terá um patrimônio líquido de R$ 2 mil apenas se não houver nenhuma pendência com a moto, como multas e documentação atrasada, que são equivalentes aos passivos da empresa.

A moto é o ativo e as pendências são os passivos.

Se essas pendências forem de R$ 500, na verdade seu patrimônio líquido é de R$ 1.500 (R$ 2.000 - R$ 500). E há casos em que o patrimônio líquido de uma moto pode até ser negativo, já que as pendências podem ultrapassar o valor de compra.

Descobrindo o VPA

Voltando para o mundo dos investimentos, agora que você já sabe qual é o patrimônio líquido, para descobrir o VPA, é só dividir o patrimônio líquido pela quantidade de ações que existem da empresa que você está pensando em investir.

Sim, cada empresa listada na Bolsa possui uma quantidade diferente de ações circulando no mercado. Não é tudo a mesma quantidade.

E o VPA mostra o tamanho do patrimônio líquido que pertence a você nessa sociedade.

Vamos supor que o Econoweek seja uma empresa listada na Bolsa com patrimônio líquido de R$ 1 milhão, já feita a conta de ativos menos passivos, e que tenha emitido 10 mil ações no total. Assim, o valor patrimonial do Econoweek por ação (VPA) é de R$ 100 (R$ 1 milhão/10 mil ações).

Ou seja, se você tem uma ação do Econoweek na carteira, é dono de R$ 100 do patrimônio líquido dela. Se tem dez ações, é dono de R$ 1 mil.

P/VPA: Preço por Valor Patrimonial

Agora entra o X da questão para ter uma ferramenta de análise importante para saber se o preço de uma ação está caro ou barato.

Se você dividir o preço de uma ação pelo seu VPA, irá encontrar um número muito fácil de analisar, pois esse resultado sempre vai girar em torno de 1.

O P/VPA vai comparar o preço da ação com o valor da empresa. É uma comparação entre o valor de mercado e o valor contábil da empresa e indica se o valor de mercado da ação está em linha com seu valor patrimonial.

Já que cada ação representa uma parte na sociedade de uma empresa, se você comprou essa ação, já sabe quanto pagou por isso.

Se a ação do Econoweek está sendo negociada a R$ 100 e o VPA também é de R$ 100, o preço da ação por VPA (P/VPA) é igual a 1. Ou seja, a ação do Econoweek é equivalente a exatamente o valor patrimonial do Econoweek. Olhando só para esse indicador, não há evidência nem de uma oportunidade de venda e nem de compra, já que o preço da ação é condizente com seu valor patrimonial.

Se as ações estão sendo negociadas por R$ 200, com o mesmo valor patrimonial, o P/VPA é igual a 2. Ou seja, duas vezes o valor patrimonial, que pode indicar que elas estão caras, não sendo uma boa oportunidade de investimento.

Por outro lado, também pode mostrar que o Econoweek é uma excelente empresa, que dá ótimos resultados, e os investidores aceitam pagar esse preço porque acreditam que ela continuará dando bons frutos no futuro.

Já se as ações estão valendo R$ 50 na Bolsa, o P/VPA é igual a 0,5 e mostra que o preço da ação está sendo negociado a só a metade do valor patrimonial do Econoweek.

Isso pode indicar uma boa oportunidade de compra, já que a ação está barata e tem potencial de valorização, ao mesmo tempo que poderia significar que a empresa passa por algum problema e que esse investimento pode ser arriscado.

O P/VPA (preço sobre valor patrimonial) é uma das ferramentas de decisão de investimento em ações da análise fundamentalista, que tem esse nome justamente porque analisa os fundamentos da empresa. Exatamente como analisamos aqui.

Embora seja um dos principais, não é o único indicador que deve ser analisado.

Há vários outros, como "preço/lucro", "dívida bruta/patrimônio líquido", "dividend yield" e mais alguns.

Se quiser saber mais sobre isso, deixe um comentário, que volto a esse assunto. Mas, por enquanto, veja algumas corretoras com mais informações sobre o assunto:

É essa corretora que dá as problemáticas ações da Oi para novos clientes. Mas é válido lembrar que, embora o P/VPA da empresa esteja abaixo de 1, nem sempre isso indica uma boa oportunidade de investimento, como discutimos aqui.

Onde consultar o P/VPA?

Se você não quer fazer essas contas, há sites que já fazem a conta para você. Eu usei o site da Fundamentus, que já mostra o valor patrimonial da empresa, o P/VPA, e vários outros indicadores para você fazer sua decisão de investimento.

Foi aí que eu vi o P/VPA da Oi. E dá para ver esses e outros indicadores de todas as empresas com ações na Bolsa.

Mudando de assunto

No vídeo que fizemos sobre investir nas ações da Oi, o Edson perguntou "Se uma empresa comprar uma grande quantidade de ações, ela pode ser dona da Oi e administrar a empresa? Lembrando que com o valor de R$ 0,50 por ação, a empresa custaria pouco mais de US$ 500.000".

Começando pelo fim, você quase acertou Edson. Na data dessa gravação, a Oi tem valor de mercado de R$ 5,2 bilhões. Isso daria aproximadamente US$ 1 bilhão, dependendo da cotação do dólar na hora da conta.

Essa conta é feita pelo número de ações emitidas VEZES a cotação da ação na Bolsa, que varia todo dia.

E cada empresa tem uma quantidade de ações diferentes, com preços também diferentes.

Além disso, há as ações ordinárias (ON) e preferenciais (PN).

As ON dão direito a voto nas decisões do conselho da empresa, enquanto as PN dão preferência no recebimento de dividendos. São as ON que futuros controladores quererão comprar.

E, sim, futuros compradores poderão controlar a empresa. Mas não podemos esquecer que eles comprarão também todas as dívidas e problemas da empresa, que é justamente o que tem imposto dificuldades a essa venda.

No vídeo que expliquei o que faz um economista, a Gabriela perguntou se há muito desemprego nesse mercado de trabalho.

Gabriela, quando as coisas vão mal e o desemprego sobe, sobe para todo mundo. Inclusive para os economistas.

Por outro lado, o economista é muito valorizado no mercado de trabalho e como não há muito economista por aí, as coisas costumam ser um pouco melhores para o nosso lado, bem como ocorre em algumas outras profissões.

No meu caso, desde que entrei na faculdade, já passei por umas três crises econômicas e nunca fiquei desempregado. Então, acho que esse é um bom sinal.

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