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Econoweek

Por que o marco do saneamento animou investidores?

César Esperandio

25/06/2020 19h13

O novo marco do saneamento foi aprovado pelo Senado e, agora, só falta o presidente Bolsonaro sancionar para que passe a valer. Na prática, empresas privadas poderão cuidar dessa questão de saúde pública relacionada à água potável e à coleta e tratamento do esgoto.

Eu sou César Esperandio, economista do Econoweek, a tradução da economia. E, neste artigo, bem como no vídeo acima, no qual respondo a perguntas ao vivo sobre o tema, vou traduzir porque isso trouxe otimismo para os investidores e para a economia, e os argumentos críticos a essa aprovação.

A meta de universalização do saneamento, com acesso de todos os brasileiros a água e tratamento de esgoto, está definida para 2033. A expectativa é de geração de investimentos entre R$ 500 bilhões e R$ 700 bilhões, o que deve ajudar a impulsionar a economia no período.

Apesar de parecer uma pauta de saúde pública e de dignidade, há estudos mostrando como essa questão se relaciona intimamente com a educação e a renda.

Simplificadamente, o menor acesso a esses direitos acaba condenando a criança a piores indicadores educacionais e a uma vida inteira com maior vulnerabilidade a doenças, impactando, por sua vez, também no rendimento profissional ao chegar à idade adulta e na capacidade de gerar renda, impondo um ciclo perverso de perpetuação da pobreza. Mas, não vou me prolongar no assunto.

Além de o novo marco possibilitar que milhões tenham acesso ao saneamento, que é uma questão de saúde, sabe-se que investimentos em infraestrutura geram milhões de empregos, mesmo que seja apenas após o início dos procedimentos.

Além disso, a aprovação reforçou a expectativa de que o Congresso esteja disposto a aprovar outras pautas econômicas e de privatizações, desde que Executivo e Legislativo (presidente da República e equipe de um lado, Câmara e Senado do outro) voltem a se entender melhor.

E foi por esse motivo que houve bom humor entre os investidores, e as ações subiram na Bolsa.

Dentre diversas críticas a essa aprovação, a principal costuma vir na direção de que esse é um assunto delicado para que se passe às mãos de empresas que visam lucro e não o bem-estar e saúde dos mais pobres sem acesso ao saneamento básico. De todo modo, há anos a responsabilidade é pública e até hoje não pudemos verificar a universalização desse direito, com enormes desigualdades de Norte a Sul do país.

Cabe ao Estado estabelecer regras rígidas para empresas interessadas, como atrelar regiões de menor interesse econômico às de maior interesse, como um pacote envolvendo obrigatoriamente cidades grandes e cidades do interior em um contrato.

É claro que o assunto é bem mais complexo que esse exemplo, mas, simplificando o assunto, essa foi a razão de otimismo entre os investidores e de preocupação de alguns.

Também cabe a nós ficar de olho em como a execução andará em relação ao planejado.

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