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Minha trajetória dos R$ 100 aos R$ 30 mil: como multipliquei minha renda

Yolanda Fordelone

15/09/2020 04h00

Para você que acompanha esta coluna ou caiu aqui por acaso, permita-me que eu me apresente. Eu sou Yolanda Fordelone, jornalista, economista, mãe e empreendedora no Econoweek, canal no qual crio conteúdos. Mas como eu cheguei até aqui para viver exclusivamente com conteúdos financeiros? No texto de hoje, assim como no vídeo acima, eu conto esse trajeto de 33 anos.

Na verdade, são só 19 anos, porque me atenho apenas à minha trajetória profissional, que começou aos 14 anos, quando trabalhava como aprendiz, ganhando R$ 100 por mês, até uma época em que acumulei três empregos e cheguei a ganhar R$ 30 mil em um único mês.

Minha relação com o mercado de trabalho e com dinheiro começou por um problema de auto estima. Eu era a jovem magrela, fora dos padrões de beleza da escola e, na minha cabeça, se um dia meu pai me faltasse, eu ia ter de me virar sozinha. Não me imaginava com alguém ao meu lado para dividir as contas em um futuro.

Então, aos 14 anos, resolvi trabalhar. Consegui um emprego como aprendiz, mas sem carteira assinada, em um escritório de contabilidade, por 3 horas por dia. Trabalhava pela manhã, até o meio-dia, almoçava em casa e corria para a escola, que não era tão perto assim (morava na zona norte de São Paulo e a escola, a Cefet-SP, fica no centro).

Nesta primeira experiência, eu fazia de tudo: etiquetava pastas, digitava em uma máquina de escrever alguns documentos, organizava o depósito, entre outras tarefas. Mas, com o tempo, desanimei, porque sabia que o dinheiro era pouco (R$ 100 por mês), e ainda tinha desconto a depender do mês. Quando tinha feriado, por exemplo, me pagavam R$ 97.

Como ingressei no jornalismo

Saí do escritório de contabilidade e fui estudar, antes de procurar outro emprego, habilidades como inglês, datilografia e informática. Fiz cursinho pré vestibular e acabei entrando na Faculdade Cásper Líbero. Ninguém na minha família mais próxima (pai, mãe, avós ou irmão mais novo) era formado em algo. Eu não tinha nenhuma referência de carreiras.

Escolhi prestar jornalismo porque eu não queria ter rotina de escritório, fazer a mesma coisa todo dia. Tinha a percepção que, como jornalista, iria falar com pessoas diferentes e aprender algo novo constantemente.

Ainda na faculdade, me envolvi nos jornais dos alunos e acabei conseguindo um emprego em uma editora que fazia anuários de medicina e advocacia. Saí de lá para uma pequena revista segmentada no segmento financeiro e foi aí que comecei a me interessar por temas de economia.

Trajetória em jornais

Nesta época, comecei a fazer alguns cursos de política e economia e nessa conheci o editor do Diário do Comércio e Indústria, o DCI, pois ele foi professor em um desses cursos. Após o curso, ao trocar e-mails sobre alguns livros indicados, surgiu uma vaga no jornal como repórter, para um salário de R$ 1 mil (minha renda como estagiária era de R$ 600).

Mas não só o salário, como o desafio me atraiu. No jornal, eu tinha de escrever todos os dias sobre política e economia. Trabalhava na redação e alguns dias na Assembleia Legislativa, no Ibirapuera, de onde eu acompanhava votações de deputados e vereadores. Além disso, toda segunda-feira, publicava uma entrevista com algum prefeito do Estado de São Paulo, já que o jornal circulava em todo o Estado. Era uma correria só.

O único ponto negativo no DCI era o local: ficava no Morumbi e eu ainda morava na zona norte. No painel da faculdade, surgiu uma vaga na Rádio Eldorado, do Grupo Estado, que fica no Limão, relativamente mais perto de casa.

Apesar de não passar, peguei o contato do RH e, ao fim de mês, ligava perguntando sobre vagas. A insistência deu certo e concorri a duas vagas na Agência Estado. Acabei optando pela cobertura de finanças e mercado financeiro.

Fiquei dois anos na Agência Estado e mais sete no Estadão. Lá, apresentei um programa semanal ao vivo na TV Estadão, escrevia reportagens para o falecido Jornal da Tarde, para o Estadão, falei na Rádio Eldorado, entre diversas outras experiências.

Mas eu olhava para os meus meus chefes e não me via ali daqui uns anos. Além disso, apesar de conversar com muitas pessoas para fazer as reportagens, os temas começaram a se repetir e não se aprofundar. Queria mais.

Acabei optando por fazer a faculdade de economia, acumulando durante quatro anos a rotina de trabalho de jornal mais o curso noturno. Na Fecap, acabei conhecendo o César Esperandio, meu atual sócio no Econoweek.

Mudança de carreira

Em 2016, entrei em uma pós-graduação em derivativos e mercado financeiro oferecida pela própria Bolsa de Valores. Não era o momento de procurar emprego devido à rotina pesada de estudos, mas surgiu uma vaga em uma fintech, me candidatei e acabei indo atuar na área de marketing e comunicação.

Ao mesmo tempo, sempre mantive um contato próximo com meus ex-professores e, em meio a esta mudança, surgiu a oportunidade de ser professora auxiliar, lecionando Microeconomia, Cálculo e orientando monografias. Ao longo de 2016, acumulei a pós, o trabalho CLT no horário comercial e a Fecap em algumas noites e aos sábados.

No fim do ano, o César me chamou para dar uma entrevista no Econoweek sobre mudança de carreira e, depois disso, fui convidada a ingressar como sócia. Acumulei, por três anos, meu emprego na fintech, as aulas na faculdade e o Econoweek, que gravava nas madrugadas. Eventualmente, ainda faltava em alguma aula da pós-graduação (já quase finalizada) para dar uma aula particular ou consultoria financeira.

Foi ótimo para as minhas finanças. Houve um mês no qual cheguei a ganhar R$ 30 mil e foi assim que consegui a minha independência financeira, sobre a qual eu falo em outro vídeo. Mas foi uma desgraça para a minha vida pessoal, social e física.

O que aprendi na trajetória profissional

No começo de 2019, após uma separação, resolvi sair da Fecap, porque, afinal, queria passar mais tempo com meu filho. Fiquei no emprego em comunicação e no Econoweek, mas o trabalho em empresas já não me satisfazia. Foi, então, que, nesta quarentena, acabei fazendo um acordo de saída na fintech e passei a me dedicar 100% à produção de conteúdos no Econoweek.

Ao longo desta jornada, aprendi três lições:

  1. Ter mais autoconfiança no meu conhecimento e capacidade. Aprendi a acreditar que, eventualmente, eu consigo me virar;
  2. Há certas épocas na sua vida em que sacrifícios são necessários. Eu sabia que trabalhava demais, mas que um dia isso ia acabar;
  3. Sempre levar os trabalhos a sério por mais que eles não fossem o emprego dos sonhos, porque em todos aprendi lições valiosas.

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