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Você sabe por que a Selic cai, mas os juros do seu financiamento não caem?

César Esperandio

16/09/2020 18h20

O Banco Central do Brasil acabou de anunciar a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, no menor patamar da história: 2% ao ano.

Alguns seguidores perguntaram nos últimos dias por qual motivo os juros estão em 2%, mas não conseguem renegociar créditos e financiamentos, como o imobiliário, para níveis parecidos.

Para discutir a dinâmica dos juros, tanto para crédito como para os investimentos, no vídeo acima, conversei com Elysio Xavier, CEO da MatchMoney, que ajudou a responder ao vivo diversas perguntas dos seguidores.

Eu sou César Esperandio, economista do Econoweek, a tradução da economia. Agora, vou traduzir as principais dúvidas sobre o tema.

A Selic vai ficar baixa por muito tempo?

A projeção do Boletim Focus mais recente aponta que a Selic continuaria em 2% até o final do ano e talvez volte a subir para 2,5% apenas em 2021. Mesmo assim, deverá continuar em nível bastante baixo para os padrões brasileiros.

De toda forma, o Banco Central não "fechou a porta" para a possibilidade de novos cortes ou de novas altas, embora eles só devam ocorrer se houver piora significativa da crise ou alta da perspectiva de inflação futura, e não estarão suscetíveis a pequenas oscilações da economia.

Por que os juros do meu financiamento não caem?

A taxa de juros que estamos comentando é a Selic, decidida a cada 45 dias pelo Banco Central.

Ela serve de parâmetro para todas as demais taxas de juros da economia, uma vez que define quanto o Governo vai pagar pelo dinheiro que pega emprestado de quem investe no Tesouro Selic.

Quando a Selic cai, há um estímulo a todos os demais juros da economia e dos bancos também caírem.

E isso aconteceu no caso das principais linhas de crédito no Brasil, mas todas continuam maiores que a própria Selic.

Algumas vezes, algumas taxas de juros são mais próximas da Selic, como os juros do financiamento imobiliário (atualmente abaixo de 10% ao ano na maioria dos bancos), e em outros casos, mais distantes, como os juros do cartão de crédito (acima de 300% ao ano, em média).

Há basicamente duas possibilidades de renegociar reduções nas taxas de juros do seu empréstimo ou financiamento antigo:

  • Negociar diretamente com seu banco, embora ele não seja obrigado a fazer um novo acordo;
  • Ou pedir portabilidade do seu crédito para outra instituição financeira que negocie melhores taxas e condições para transferir sua dívida para lá.

Como investir com a Selic tão baixa?

A regra número 1 é começar pela "reserva de segurança", que, popularmente, é chamada de "reserva de emergência".

É recomendável que você possua uma reserva equivalente a entre seis e 12 vezes os gastos mensais médios. Por exemplo, se seus gastos mensais giram em torno de R$ 1.000, é recomendável ter entre R$ 6.000 a R$ 12 mil neste tipo de investimento.

Ao escolher um investimento para sua reserva de segurança, ele deve ter duas características principais: ser seguro (com baixa volatilidade) e ter liquidez máxima (para pode sacar o dinheiro a qualquer momento). Respeitadas as duas características anteriores, o rendimento do seu investimento deve ter rentabilidade igual ou superior ao Tesouro Selic (equivalente a 100% do CDI ou mais).

Depois disso, eu recomendaria que você comece a diversificar em outros ativos de renda fixa mesmo do Tesouro Direto, como o Tesouro IPCA+ e o Tesouro Prefixado, e da renda fixa privada. Em uma pesquisa feita hoje, encontrei CDBs com rendimento superior a 10% ao ano, porém com data de vencimento superior a sete anos, não sendo adequado para a reserva de segurança.

Em seguida, há possibilidades de investimentos mais arriscados e com potencial de retornos maiores, como nas ações, fundos imobiliários e outros.

Onde investir com a Selic tão baixa?

Na prática, quanto mais baixa é a taxa de juros, menos atraentes ficam os investimentos de renda fixa. Então, como encontrar boas oportunidades de investimentos?

  • Para encontrar os títulos com os melhores retornos, o App Renda Fixa é um aplicativo que mostra todas as opções de investimentos, disponíveis em todas as corretoras, depois que você informar quanto quer investir e por quanto tempo;
  • Há ainda investimentos de renda fixa alternativos, tais como os CCBs da MatchMoney, com selo de segurança da ABFintechs e rendimentos de mais de 400% do CDI;
  • A corretora Toro dispõe de uma maneira de investir em ações sem precisar do home broker, que muitas vezes é um "complicômetro" para quem ainda não está habituado com a Bolsa, além de não cobrarem taxa de corretagem na compra e venda de ações.

Lembre-se que abrir e manter conta é grátis na maioria das corretoras. Então, sinta-se livre para abrir conta para experimentar quantas quiser sem obrigação de fazer nenhum investimento até se sentir confiante.

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