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Com mais gente nas ruas, preço de refeições fora de casa pressiona inflação
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Pressões no item energia, com a bandeira vermelha nível 1, já eram previstas, na marcha da inflação, em maio. Também eram esperadas pressões no caso dos combustíveis. Mas o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do mês passado também foi pressionado por uma novidade: a alta forte no preços da alimentação fora do domicílio.
As altas de preços que passaram a impulsionar a inflação desde a instalação da pandemia de covid-19 têm como característica a origem em pressões nos custos de produção, causadas por escassez de insumos. Na elevação de 0,83% no IPCA, em maio sobre abril, divulgada nesta quarta-feira (9) pelo IBGE (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), porém, a demanda mais forte num item do setor de serviços deu o ar da graça.
Com a elevação de maio, a inflação, medida pelo IPCA, registra alta de 3,22% no ano e avança 8,06%, em 12 meses. O pico da inflação em 12 meses, para 2021, está previsto para julho, quando deverá bater em 8,5%.
Depois de conhecido o resultado do mês passado, as projeções para o conjunto de 2021 apontam elevação em torno de 6%, acima do teto da meta, fixado em 5,25% (com centro em 3,75%). Para 2022, as previsões atualizadas indicam alta nas vizinhanças de 4%, acima do centro da meta de 3,5%, mas dentro do intervalo de tolerância, que tem 5% como teto.
Nada é mais típico do setor de serviços do que "alimentação fora do domicílio", ou seja, a atividade de restaurantes, bares e lanchonetes. Com as restrições à circulação de pessoas impostas pelos picos de covid-19, nenhum segmento foi mais atingido e, em consequência, nenhum registrou recuos mais acentuados em seus preços.
Em maio, porém, os preços de restaurantes e lanchonetes subiram 0,98%, num ritmo quatro vezes maior do que o observado em abril, quando a alta ficou em 0,23%. Chama a atenção a alta de 2,1%, em maio, nos preços dos lanches, contra deflação de 0,04%, em abril.
Apesar do ritmo lento de vacinação e dos níveis ainda muito elevados de infecções e mortes, é visível um relaxamento nas regras de restrição da mobilidade. Diversos índices de mobilidade, de fato, mostram aumento na circulação de pessoas a partir de março, com pico até aqui em maio. No mês passado, os indicadores de mobilidade estavam em níveis apenas 10% abaixo dos registrados em dezembro de 2020, quando a circulação de pessoas mais se aproximou dos patamares pré-pandemia.
Mesmo com a economia apenas se recuperando da queda sofrida em 2020, com desemprego recorde atingindo quase 15 milhões de trabalhadores e renda real das famílias ainda em queda, a inflação vem se alastrando pelos itens que compõem o IPCA. Em maio, dois em cada três preços dos bens e serviços listados no índice registraram alta. No auge da primeira onda de covid-19, em maio de 2020, a difusão das altas de preços na inflação mal passou de 40% dos bens e serviços. A média histórica, para meses de maio, nos últimos 10 anos, é de alta em 59% dos preços da lista do IPCA.
A volta das pressões de demanda sobre o setor de serviços ainda não é generalizada, mas as perspectivas são de que se tornem cada vez mais espalhadas. O economista da LCA Consultores Fabio Romão, referência brasileira em acompanhamento de preços e inflação, projeta em 3,2% a alta dos preços dos serviços em 2021 e de 5,1%, em 2022.
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