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Ações do setor elétrico têm forte queda; Cemig chega a cair 12%

Do UOL, em São Paulo

20/03/2013 11h03Atualizada em 20/03/2013 16h03

As ações do setor elétrico tinham as maiores perdas da Bovespa nesta quarta-feira (20). Os operadores disseram que a queda se deve ao pessimismo em relação à revisão tarifária do setor (leia mais abaixo).

Por volta das 16h05, o Índice de Energia Elétrica, que reúne as ações do setor, tinha queda de 3,28%.

A ação preferencial da Cemig acumulava o maior tombo, de 12,67%, a R$ 22,53. A ação da Light aparecia em seguida, com perdas de 5,81%, a R$ 19,13.

O papel da Energias do Brasil recuava 3,27%, a R$ 12,43. As paulistas CPFL Energia, com queda de 3,05%, e a Cesp, com baixa de 0,89%, também integravam a lista de baixas do dia.

A paranaense Copel recuava 3,57%, a R$ 28,36. As ações da Eletrobras também caíam: a ordinária perdia 3,99%, a R$ 6,50, e a preferencial cedia 4,17%, a R$ 11,50.

Revisão tarifária da Cemig assusta investidores

Segundo a analista do setor elétrico Beatriz Nantes, da Empiricus Research, os investidores estão com perspectivas ruins para o setor elétrico. Isso aconteceu, segundo ela, porque a base de remuneração da Cemig foi rebaixada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), de R$ 6,7 bilhões em janeiro para R$ 5,1 bilhões neste mês, de forma preliminar. Isso significa que o reajuste de tarifas da Cemig deve ser menor do que a companhia previa. 

A cada revisão tarifária das distribuidoras de energia, as próprias empresas apresentam à Aneel uma avaliação de seus ativos, e sugerem o que é chamado de "base de remuneração", que determina o reajuste para as tarifas da empresa.

Conforme o levantamento que a empresa apresenta, incluindo aumentos nos gastos, investimentos e manutenção de instalações, a Aneel avalia qual é o reajuste justo para a tarifa. Em alguns casos, a Aneel pode até determinar redução de tarifa para os consumidores, como ocorreu com a Eletropaulo no ano passado.

A partir da avaliação apresentada pela Cemig, a Aneel ofereceu, em janeiro, um valor preliminar de R$ 6,7 bilhões para base da revisão tarifária. As propostas foram, então, fiscalizadas em audiência pública, obedecendo aos procedimentos técnicos da agência.

Segundo a assessoria de imprensa da Aneel, durante o processo de audiência pública, os números da Cemig foram questionados pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace).

Então, em 11 de março, a Aneel publicou uma revisão dos R$ 6,7 bilhões de janeiro, que foram reavaliados para baixo, para R$ 5,1 bilhões. A analista Beatriz Nantes afirma que despachos como este normalmente são notificados na área de notícias do site da Aneel, mas este em específico não foi.

A assessoria de imprensa da Aneel, por sua vez, alega que o despacho foi publicado no Diário Oficial da União no dia 12 de março. Os bancos de investimento repercutiram a notícia apenas nesta quarta-feira (20), provocando a queda nas ações das elétricas.

A revisão tarifária deve ser repassada aos consumidores a partir do dia 8 de abril. A Cemig informou que deve se posicionar sobre a questão no final da tarde. Ainda cabe recurso quanto à decisão da Aneel.

Abrace questiona proposta de investimento da Cemig

De acordo com o especialista em energia elétrica da Abrace, Fernando Umbria, a entidade apontou dois aspectos das previsões da Cemig que estavam descolados das demonstrações financeiras da empresa.

Um deles era o aumento dos gastos com ativos em serviço (tudo o que é necessário para o funcionamento da empresa, como máquinas, postes, carros, entre outros); o outro era a diminuição dos gastos com bens totalmente depreciados (ativos que já estão pagos mas ainda têm vida útil).

Umbria explica que a Cemig propunha um aumento de R$ 8,9 bilhões com ativos em serviço apenas para a distribuidora. Ao longo do período entre 2008 e 2012, os gastos com o mesmo item em toda a holding (que inclui geração, consórcios, participação em fundos, entre outros) haviam sido de R$ 13 bilhões.

"Quer dizer, só para a distribuidora, a Cemig estava propondo um aumento de gastos equivalente a 70% do que havia sido gasto em todos os segmentos da empresa no período de avaliação anterior. A Abrace propôs que o gasto fosse ajustado, de R$ 8,9 bilhões para cerca de R$ 3 bilhões", afirmou Umbria.

Em relação ao outro item, os bens totalmente depreciados, a Cemig apontou uma redução no valor total: de R$ 1,35 bilhões para R$ 796 milhões. "Para o consumidor, quanto maior o valor dos ativos depreciados, melhor. Se o bem já foi pago, mas ainda está em funcionamento, então a empresa não precisa gastar com novos equipamentos e o valor não é repassado", explicou.