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Dólar sobe a R$ 2,148 mesmo após BC fazer operação inédita no ano

Do UOL, em São Paulo

10/06/2013 17h10Atualizada em 11/06/2013 13h19

O dólar comercial fechou em alta de 0,71%, a R$ 2,148 nesta segunda-feira (10). Pela primeira vez no ano, o Banco Central realizou dois leilões num mesmo dia para tentar segurar a alta do dólar, depois que a moeda subiu mais de 1% e chegou a valer R$ 2,16.

Com a forte atuação do BC, o dólar desacelerou a alta, mas operadores argumentavam que a cotação continuava pressionada devido ao cenário externo.

Mesmo após a desaceleração, este foi novamente o maior valor de fechamento em mais de quatro anos, desde o dia 5 de maio de 2009, quando o dólar valia R$ 2,149, em meio ao auge da crise econômica mundial.

EUA e China preocupam investidores

A disparada do dólar foi desencadeada pela decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's de melhorar a perspectiva da nota de crédito dos Estados Unidos, alimentando expectativas de que o banco central do país comece a diminuir seu estímulo monetário.

Além disso, dados ruins da economia chinesa também contribuíam com o cenário de valorização do dólar, pressionando o setor de extração de matérias-primas.

"Apesar do leilão (do BC), a desaceleração da China e o rating dos Estados Unidos continuavam pressionando o dólar", afirmou o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca.

Diante desse cenário, no início da tarde, o BC anunciou o primeiro leilão equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro, mas cotação da moeda norte-americana desacelerou pouco.

Depois, o BC realizou novo leilão, nas mesmas condições do primeiro, fazendo com que o dólar reduzisse mais a alta ante o real. No primeiro leilão, foram vendidos 20 mil contratos e, no segundo, outros 22,5 mil.

A última vez que o BC fez dois leilões em uma mesma sessão foi no dia 26 de dezembro, quando a moeda rondava R$ 2,08.

"Ficou claro que essa atual taxa (do dólar) não interessa porque ela anula o esforço do aumento na taxa de juros para controlar a inflação", afirmou o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, referindo-se à Selic, atualmente em 8%.

Agência de risco

A S&P melhorou nesta segunda-feira a perspectiva da nota dos Estados Unidos para "estável". Antes era "negativa". A nota da maior economia do mundo é "AA+", segunda maior classificação.

Um país com boa nota é visto como pagador confiável de suas dívidas com os investidores estrangeiros. No entanto, essa avaliação também é questionável.

As agências de classificação de risco, que dão notas para países, empresas e negócios, determinando sua suposta credibilidade financeira, foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009.

O dólar vem ganhando força no mundo todo devido a perspectivas de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, comece a diminuir seu programa de estímulo monetário, o que reduziria a oferta de dólares nos mercados internacionais.

(Com Reuters)