Dólar sobe 2,27% em julho e fecha em R$ 2,282, maior valor em quatro anos
O dólar comercial fechou praticamente estável nesta quarta-feira (31), depois de ter operado acima do nível de R$ 2,30. A moeda encerrou a sessão com leve alta de 0,08%, a R$ 2,282 na venda. É o maior valor desde 31 de março de 2009, quando o dólar valia R$ 2,319.
Em julho, o dólar acumulou valorização de 2,27% sobre o real. É o terceiro mês seguido de alta do dólar.
No maior valor do dia, o dólar chegou a R$ 2,303 na venda. Para tentar segurar o movimento, o Banco Central fez três leilões de swap cambial tradicional --equivalentes à venda de dólares no mercado no futuro--, numa atuação que não fazia há mais de uma década.
A última vez em que a autoridade monetária fez três leilões de swap tradicional num mesmo dia foi em agosto de 2002 e, segundo operadores, a ação agora serviu para tentar segurar a cotação.
Apesar disso, a alta do dólar só cedeu depois que o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), deu sinais de que não deve reduzir ou cortar os estímulos econômicos do país em breve.
Atualmente, o Fed injeta US$ 85 bilhões todos os meses no mercado, que garantem um bom volume financeiro para negociações em todo o mundo.
Analista fala em alta, mas sem tanta força
Julho foi o terceiro mês seguido em que o dólar registrou valorização ante o real. Analistas continuam afirmando que a tendência é de alta, mas sem tanta força como a vista até agora, diante da perspectiva de intervenções do Banco Central para evitar que o dólar caro faça a inflação subir ainda mais.
"Não vejo uma alta tão forte do dólar no futuro próximo. Com certeza o viés é mais de alta do que de baixa, mas não é uma alta tão expressiva", afirmou o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho.
"O BC quer manter o câmbio por volta de 2,20 ou 2,30 reais para evitar uma pressão indesejável sobre a inflação ao longo dos próximos meses", afirmou Velho, ressaltando que a autoridade monetária pode recorrer a atuações mais incisivas, como ofertas de dólares no mercado à vista, para conter a valorização do dólar.
Crescimento dos EUA preocupa
Com o crescimento da economia dos EUA, investidores temem o fim do estimulo mensal de US$ 85 bilhões do Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos).
Nos últimos meses, o Fed tem reforçado a ideia de que uma recuperação econômica mais forte no país pode levar ao fim da injeção de dinheiro, levando a uma migração de aplicações para ativos considerados mais seguros.
"O dado de emprego mais forte e o PIB aumentam a expectativa de o Fed retirar o estímulo monetário. Então, todas as moedas estão perdendo bastante", citou um operador de banco estrangeiro.
O Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano cresceu 1,7% no segundo trimestre. Outro sinal de melhora da atividade dos EUA foi a geração de empregos do setor privado acima do esperado em julho.
(Com Reuters)
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