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Dólar passa de R$ 4 após pesquisas eleitorais; até onde vai a moeda?

Fernanda Santos

Colaboração para o UOL, em Florianópolis (SC)

21/08/2018 17h07Atualizada em 28/08/2018 21h11

Após pesquisas eleitorais divulgadas pelo Ibope na segunda-feira (20), o valor do dólar em relação ao real subiu nesta terça-feira (21) e passou de R$ 4, o maior valor desde fevereiro de 2016. 

A subida no preço da moeda reflete questões do cenário externo, como a crise cambial na Turquia e a expectativa sobre os juros dos Estados Unidos, mas também é resultado de uma insegurança dos investidores, especialmente estrangeiros, quanto às políticas econômicas do próximo presidente. Dependendo da situação política, há analista que prevê dólar até R$ 5.

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“O candidato mais forte nas pesquisas não tem tanta credibilidade no mercado. Quem fica de olho aqui no Brasil está bem inseguro”, disse a assessora financeira da FB Wealth, Daniela Casabona, referindo-se ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro.

Bolsonaro aparece em primeiro lugar em pesquisa Ibope, com 20% das intenções de voto, num cenário sem o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) -que teria 37% dos eleitores se disputasse a eleição. Em seguida, vem Marina Silva (Rede), com 12%, Ciro Gomes (PDT), com 9%, Geraldo Alckmin (PSDB), com 7% e Fernando Haddad (PT), com 4%.

A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O Ibope entrevistou 2.002 pessoas em 142 cidades entre os dias 17 e 19 de agosto. A pesquisa foi contratada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" e pela TV Globo, e registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-01665/2018.

Por que o dólar sobe?

Fernando Bergallo, diretor de Câmbio da FB Capital, disse que o importante para os investidores não é o candidato ou o partido, mas sim a agenda econômica que ele está propondo em seu plano de governo.

“Uma política pró-mercado é basicamente uma política de austeridade fiscal, controle de gasto público, controle da inflação e pouco intervencionismo na economia”, afirmou.

Com a baixa intenção de voto nos candidatos considerados pró-mercado, em especial Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB), os investidores ficam inseguros, deixam de investir na economia brasileira ou vendem as ações que têm na Bolsa de Valores.

Isso significa menos dólar em circulação no país e mais real. Pela lei de oferta e procura, o resultado do descompasso é o preço do dólar lá em cima na comparação com a moeda brasileira.

O que esperar até as eleições?

Os especialistas consultados pela reportagem concordam que a moeda continuará bastante instável até o fim das eleições –o que significa que o valor do dólar na comparação com o real ainda vai mudar bastante.

Segundo Daniel Xavier, economista-chefe do DMI Group, se as pesquisas mostrarem aumento das preferências de votos por candidatos a favor de medidas pró-mercado, o dólar deve cair.

“Mas se um candidato menos a favor de reformas, em especial do PT, crescer em função do repasse de votos do Lula, o mercado tende a ficar mais avesso ao risco, e o dólar sobe”, disse.

Na avaliação de Fernando Bergallo, da FB Capital, o preço da moeda pode variar entre R$ 3,60 e R$ 4,20 até o fim das eleições.

“O mercado é muito dinâmico. Com a mesma velocidade que o dólar veio a R$ 4, se o Alckmin começar a decolar, pode voltar a R$ 3,70 muito rapidamente.”
Já na avaliação de Daniela Casabona, a moeda norte-americana pode avançar para um patamar além. “A gente pode até chegar à casa de R$ 5 dependendo dos resultados políticos”, disse.

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