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Dólar opera em alta, a R$ 4,24, após Guedes dizer que avanço não preocupa

Do UOL, em São Paulo

26/11/2019 09h25Atualizada em 27/11/2019 09h26

O dólar comercial operava em alta hoje e chegou a bater em R$ 4,27, depois de ter fechado o dia ontem a R$ 4,215 na venda, novo recorde nominal desde a criação do Plano Real. Por volta das 16h30, o dólar comercial avançava 0,79%, a R$ 4,248. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caía 1,34%, a 106.967,44 pontos.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para turistas, o valor sempre é maior.

O Banco Central anunciou a venda extraordinária de dólar à vista para tentar conter a alta da moeda.

Dólar alto não preocupa, diz Guedes

Investidores ficaram pessimistas após o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que, com a queda dos juros, a cotação de equilíbrio do dólar "tende a ir para um lugar mais alto". Guedes deu as declarações na segunda-feira à noite, nos Estados Unidos.

Para o ministro, o Brasil tem uma moeda forte, e a alta do dólar não é motivo de preocupação.

Mercado testa limite, e BC reage

"Os comentários do Guedes mostram que não tem uma preocupação com a taxa de câmbio no atual patamar", disse Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets, à agência de notícias Reuters. "O mercado acaba achando que isso é uma indicação de que o BC não vai atuar."

Diante do salto histórico do dólar, o Banco Central anunciou leilão de venda à vista de, no mínimo, US$ 1 milhão. Com isso, o BC mostra ao mercado as ferramentas disponíveis em meio à fraqueza da moeda brasileira.

"O Banco Central deu um recado, vendo o que está acontecendo. Não é porque o Guedes falou que o dólar vai ficar alto que vai ficar por isso mesmo", disse Jefferson Laatus, sócio e fundador do Grupo Laatus, à Reuters. "O BC mostrou estar disposto a usar as ferramentas disponíveis para controlar a volatilidade."

"O mercado, depois da fala do Guedes, quer testar quais são os patamares que incomodam o Banco Central. E teve essa venda de dólares à vista, um recado do BC", afirmou.

"Não se assustem se alguém pedir o AI-5"

Também repercutiram no mercado as declarações de Guedes sobre o AI-5 (Ato Institucional nº 5), ato da ditadura militar que endureceu o regime e abriu caminho para o aumento da repressão, com militantes da esquerda armada mortos e desaparecidos.

Ao comentar os discursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recém-liberado da prisão, Guedes afirmou que as palavras levam ao acirramento das ações do governo Bolsonaro. "Não se assustem, então, se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?", disse.

Dólar alto tem prós e contras, diz Bolsonaro

Nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro comentou as declarações de Guedes sobre o dólar, e disse que há prós e contras na alta da moeda.

"Eu espero que caia [patamar do dólar], torço, assim como torço para que caia a taxa Selic [juros], torço para que aumente nossa credibilidade junto ao mundo. Agora, como eu disse, eu sou técnico de time de futebol, quem entra em campo são os 22 ministros. Paulo Guedes está jogando na Economia. Se você for analisar, na ponta da linha tem vantagens, prós e contras no dólar a R$ 4,21 como está agora", disse o presidente.

Recorde não leva em conta a inflação

Apesar da marca de ontem, de fato, ser o maior valor nominal (valor sem correção) para o dólar desde que o Plano Real foi implantado, ele não leva em conta a inflação tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia obter com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com as mesmas quantidades de cada moeda.

*Com Reuters

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