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Dólar sobe a R$ 4,24 e bate novo recorde, após fala de Guedes; Bolsa cai

Valor do dólar divulgado diariamente se refere ao dólar comercial; para turistas, esse valor sempre é maior - Getty Images/iStockphoto
Valor do dólar divulgado diariamente se refere ao dólar comercial; para turistas, esse valor sempre é maior Imagem: Getty Images/iStockphoto

Do UOL, em São Paulo

26/11/2019 17h01Atualizada em 26/11/2019 19h14

Resumo da notícia

  • Dólar encerrou dia no maior valor para o fechamento desde a criação do Plano Real, sem levar em conta a inflação
  • Foi o segundo dia seguido de recorde de fechamento
  • Levando em conta inflação, o pico do dólar foi em 2002, quando chegou a R$ 3,952, equivalente a R$ 7,577 hoje
  • Ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que dólar "tende a ir para um lugar mais alto"
  • Presidente Jair Bolsonaro disse que há prós e contras na alta da moeda

O dólar comercial fechou em alta de 0,59%, vendido a R$ 4,24, valor mais alto desde a criação do Plano Real. Ontem, a moeda norte-americana já havia batido recorde. O recorde do dólar leva em conta o valor nominal, ou seja, sem considerar o efeito da inflação (leia mais abaixo). A moeda chegou a encostar em R$ 4,28 durante o dia, mas desacelerou após duas intervenções do Banco Central.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou o dia em queda de 1,26%, aos 107.059,40 pontos.

Investidores ficaram pessimistas após o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que, com a queda dos juros, a cotação de equilíbrio do dólar "tende a ir para um lugar mais alto". Guedes deu as declarações na segunda-feira à noite, nos Estados Unidos. Para o ministro, o Brasil tem uma moeda forte, e a alta do dólar não é motivo de preocupação.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, se refere ao dólar comercial. Para turistas, o valor sempre é maior.

Recorde do dólar não considera inflação

O recorde do dólar considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação. Se for levada em conta a inflação nos EUA e no Brasil, o pico do dólar pós-Plano Real ocorreu no fim do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 22 de outubro de 2002, quando o dólar fechou a R$ 3,954. Esse valor atualizado seria de R$ 10,81.

Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia comprar com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com os mesmos valores.

BC atua para conter alta do dólar

Durante o dia, o Banco Central anunciou dois leilões não programados no mercado à vista, movimento que não acontecia desde agosto.

Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, as intervenções foram feitas para suprir "gaps de liquidez" [falta temporária da moeda]. Segundo ele, o BC poderá repetir na quarta-feira o que fez ao longo da sessão desta terça. Ele reiterou, no entanto, que o comportamento do dólar frente ao real flutua.

"O Banco Central deu um recado, vendo o que está acontecendo. Não é porque o Guedes falou que o dólar vai ficar alto que vai ficar por isso mesmo", disse Jefferson Laatus, sócio e fundador do Grupo Laatus, à agência de notícias Reuters. "O BC mostrou estar disposto a usar as ferramentas disponíveis para controlar a volatilidade."

"O mercado, depois da fala do Guedes, quer testar quais são os patamares que incomodam o Banco Central. E teve essa venda de dólares à vista, um recado do BC", afirmou Laatus.

"Não se assustem se alguém pedir o AI-5"

Também repercutiram no mercado as declarações de Guedes sobre o AI-5 (Ato Institucional nº 5), ato da ditadura militar que endureceu o regime e abriu caminho para o aumento da repressão, com militantes da esquerda armada mortos e desaparecidos.

Ao comentar os discursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recém-liberado da prisão, Guedes afirmou que as palavras levam ao acirramento das ações do governo Bolsonaro. "Não se assustem, então, se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?", disse.

Dólar alto tem prós e contras, diz Bolsonaro

Nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro comentou as declarações de Guedes sobre o dólar, e disse que há prós e contras na alta da moeda.

"Eu espero que caia [patamar do dólar], torço, assim como torço para que caia a taxa Selic [juros], torço para que aumente nossa credibilidade junto ao mundo. Agora, como eu disse, eu sou técnico de time de futebol, quem entra em campo são os 22 ministros. Paulo Guedes está jogando na Economia. Se você for analisar, na ponta da linha tem vantagens, prós e contras no dólar a R$ 4,21 como está agora", disse o presidente.

*Com Reuters

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