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Dólar fecha em alta e bate novo recorde nominal, a R$ 5,90; Bolsa cai

Do UOL, em São Paulo

13/05/2020 17h06Atualizada em 13/05/2020 17h24

O dólar comercial fechou em alta de 0,61%, vendido a R$ 5,901 na venda. Foi o terceiro avanço seguido e a moeda bateu pelo segundo dia o recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento desde a criação do Plano Real. No ano, o dólar acumula alta de 47,06%.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em queda pelo terceiro dia seguido. O recuo hoje foi de 0,13%, a 77.772,20 pontos. É o menor nível em mais de um mês, desde 10 de abril (77.681,94 pontos).

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Anúncio do BC dos EUA frustra investidores

O dólar começou o dia em queda, mas passou a subir após o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), Jerome Powell, dizer que os Estados Unidos podem enfrentar um "período prolongado" de crescimento fraco. Ele acrescentou que o Fed não considera o uso de juros negativos como ferramenta para estimular a economia.

"Tinha uma expectativa do mercado de que Powell poderia sinalizar juros negativos nos EUA depois que o [presidente norte-americano] Donald Trump renovou as pressões acerca do assunto ontem ", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho, à agência de notícias Reuters. "A fala de Powell frustrou os investidores e fez com que os mercados virassem."

Governo piora expectativa para o PIB

O governo anunciou hoje uma expectativa pior para o desempenho da economia neste ano e passou a ver um PIB (Produto Interno Bruto) de -4,7% em 2020. A projeção anterior, publicada em março, era de leve alta de 0,02%.

Além disso, a previsão para a inflação oficial passou de 3,05% ao final do ano para 1,77%, abaixo do piso da meta oficial do governo, que é de 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, ou seja, podendo variar entre 5,5% e 2,5%.

As estimativas foram divulgadas na manhã de hoje pelo Ministério da Economia, e levam em consideração a paralisação das atividades de diversos setores no país por causa da pandemia do coronavírus.

No Brasil, cena política traz apreensão

Nesta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que pode divulgar parte do vídeo da reunião de 22 de abril. O ex-ministro Sergio Moro afirma que, nessa reunião, o presidente tentou interferir na Polícia Federal. Pessoas que assistiram ao vídeo dizem que ele confirma a tentativa de interferência de Bolsonaro para proteger sua família.

Bolsonaro alega que não falou as palavras "Polícia Federal", "superintendência" e "investigação" na reunião gravada, e sim tratou dos riscos e da necessidade de melhorar a segurança dos filhos no Rio de Janeiro.

Bolsonaro também disse que o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, "se equivocou" ao falar que ele teria citado a PF ao cobrar relatórios de inteligência de diversos órgãos.

"Aqui, o movimento é um pouco mais pronunciado por estarmos num ambiente político bastante turbulento", declarou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho.

Na noite da véspera, Bolsonaro disse que discutiu a disparada do dólar em reunião ministerial, mas afirmou que não poderia comentar sobre o assunto porque estaria adiantando algo "privilegiado", o que "prejudicaria" o mercado. As declarações deixam em aberto se o governo está avaliando medidas para o mercado de dólar.

Recorde do dólar não considera inflação

O recorde do dólar alcançado hoje considera o valor nominal, ou seja, sem descontar os efeitos da inflação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Levando em conta a inflação nos EUA e no Brasil, o pico do dólar pós-Plano Real aconteceu no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 22 de outubro de 2002. O valor nominal na época foi de R$ 3,952, mas o valor atualizado ultrapassaria os R$ 7.

Fazer esta correção é importante porque, ao longo do tempo, a inflação altera o poder de compra das moedas. O que se podia comprar com US$ 1 ou R$ 1 em 2002 não é o mesmo que se pode comprar hoje com os mesmos valores.

*Com Reuters