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Ações de mineradora criada por Eike Batista sobem 810% na semana

Do UOL, em São Paulo

09/10/2020 17h51

Resumo da notícia

  • Alta começou após empresa anunciar intenção de recuperar exploração de mina
  • Lançada na Bolsa em 2006, ação da MMX já valeu mais de R$ 3,5 mil, em maio de 2008
  • Mas problemas de projeto e processos de Eike na Justiça levaram MMX à recuperação judicial em 2016

A MMX, mineradora criada por Eike Batista, voltou a subir com força nesta sexta-feira (9/10), com alta de 50,8%, conquistando na semana uma valorização de 810%. É preciso considerar que os valores estavam bem baixos, então qualquer variação apresenta um percentual alto. No período, a cotação do papel saltou de R$ 1,77 para R$ 16,11. Para comparar, no mesmo período, o Ibovespa subiu 3,7%.

A empresa que já foi estrela do mercado acionário uma década atrás está em processo de recuperação judicial desde 2016 e segue ainda muito longe dos picos de cotações que apresentava em 2009. Mas a mineradora brilhou na Bolsa neste início de outubro, multiplicando seu valor de mercado por nove.

Pediu reabertura de mina na Justiça

A onda positiva é alimentada pela expectativa de que a mineradora consiga recuperar na Justiça o direito à exploração de minério em uma mina e, com essa operação, dar os primeiros passos para sair da recuperação judicial.

No último dia 30 de setembro, a empresa divulgou um comunicado ao mercado, dizendo que está pedindo à Justiça o controle da mina Emma. A nota passou despercebida por grande parte dos investidores no primeiro momento. Mas no início dessa semana, o volume de negócios com o papel já tinha triplicado, atingindo R$ 36 mil em um pregão.

Bolsa quis explicações sobre alta

Entrou em cena então a B3, a Bolsa brasileira, pedindo explicações à companhia com relação à movimentação atípica. Na resposta enviada à Bolsa, a MMX repetiu a informação sobre o pedido de direito sobre a mina, destacando que, se for retomada, a exploração pode ser de "grande relevância econômica".

"A companhia acredita que as recentes oscilações atípicas estejam relacionadas ao fato relevante divulgado na semana passada, em 30 de setembro de 2020. No referido fato relevante, a companhia informou ao mercado que protocolou petição junto ao juízo de sua recuperação judicial, buscando recuperar o ativo Mina Emma, cuja exploração pode ser de grande relevância econômica para a companhia. A companhia informa ainda que não tem conhecimento de qualquer outro ato ou fato relevante que possa justificar as oscilações atípicas identificadas pela B3", disse a MMX na nota da última quarta-feira (6).

A partir dessa nota então, a informação ganhou efetivamente mais espaço, e o volume diário de negócios com as ações da MMX na Bolsa pularam de R$ 36 mil para R$ 290 mil. A valorização do papel foi junto, na mesma aceleração.

Analistas dizem que notícia é boa

Profissionais de mercado dizem que a reativação das operações da MMX pode levar a companhia a gerar receita, abrindo espaço para que a firma saia da recuperação judicial, inclusive atraindo dinheiro de novos investidores.

Eike Batista ainda é um dos principais acionistas da MMX. Ele não exerce cargo na administração nem no Conselho de Administração da mineradora. Mas a simples presença de um empresário com ações na Justiça na lista de controladores é um empecilho para o desenvolvimento do projeto, dizem profissionais de mercado.

Os problemas da MMX

Esses profissionais de mercado destacam que o salto das ações da MMX esta semana precisa ser contextualizado. Isso porque a empresa, que estreou na Bolsa em 2006, já chegou a valer R$ 3.484,45 em maio de 2008. Ou o equivalente a R$ 6.737,00 a valores atuais corrigidos pelo IPCA.

Nos tempos de valor elevado, em 2008, a MMX era bem vista por causa das expectativas de que diversos projetos de produção de minério de ferro e mesmo de produtos acabados, como aço, levariam o grupo a se transformar em uma nova Vale.

Os problemas começaram em 2011, quando a MMX deixou de cumprir contratos de entrega de minério. Foi o primeiro sinal ao mercado de problemas de capacidade operacional do projeto. Depois, surgiram as investigações da atuação do empresário Eike Batista junto a governantes, em uma sequência de processos que levaram o fundador da companhia à cadeia.