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Dólar tem queda de 2,18% na semana; Bolsa cai 0,9% mesmo com 3 dias de alta

Dólar fecha o dia em alta, mas acumula queda de 2,18% na semana - Eva HAMBACH / AFP
Dólar fecha o dia em alta, mas acumula queda de 2,18% na semana Imagem: Eva HAMBACH / AFP

Do UOL, em São Paulo

12/03/2021 17h23Atualizada em 12/03/2021 18h46

O dólar comercial fechou hoje (12) em alta de 0,31% ante o real, cotado a R$ 5,560 na venda. Na semana, porém, a moeda norte-americana acumulou queda de 2,18% no período, marcado pela conclusão da votação da PEC Emergencial e pelo possível retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a uma corrida presidencial.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto. Ontem (11), a moeda norte-americana caiu 1,94% ante o real, cotado a R$ 5,543 na venda.

Já o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores brasileira, teve queda de 0,72%, aos 114.160,40 pontos, na sessão de hoje. Com isso, a Bolsa registrou desvalorização de 0,90% na semana, mesmo tendo três dias de alta.

As ações da Embraer lideraram os ganhos na Bolsa, com 4,80% de alta. Na outra ponta, os papéis da B2W caíram 5,21%. Ontem (11), o índice subiu 1,30%, aos 112.776,49 pontos.

Títulos americanos impulsionam moeda

O dólar subiu à medida que acompanhava a força da moeda norte-americana no exterior, enquanto os investidores reagiam à conclusão da votação da PEC Emergencial na Câmara dos Deputados.

Outro fator a ser destacado foi a atitude do Banco Central de realizar nova oferta líquida de contratos de swap cambial tradicional, disponibilizando até US$ 750 milhões nesses derivativos.

A demanda global pelo dólar era reflexo dos rendimentos dos títulos, que voltaram a subir hoje após a aprovação de um pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão para o combate à covid-19 nos Estados Unidos, em meio a apostas cada vez maiores numa aceleração da inflação na maior economia do mundo.

Os rendimentos de dez anos dos títulos americanos voltaram a superar 1,60% no início das negociações europeias, aproximando-se das máximas em um ano atingidas na semana passada.

"A volatilidade no mercado de juros deve continuar com as perspectivas de reabertura econômica, especialmente após aprovação do pacote de estímulos", disse em nota a XP Investimentos.

"Na Zona do Euro, a presidente Christine Lagarde afirmou ontem que o Banco Central Europeu (BCE) pode aumentar o ritmo de compra de títulos, se o aumento dos juros dos títulos comprometer a estabilidade financeira. O mercado se pergunta se o Fed dos EUA também se moverá nessa direção. Até agora, nenhuma sinalização, pressionando a elevação dos juros dos Treasuries (títulos do governo norte-americano)", completou.

Aprovação de PEC Emergencial é destacada

Enquanto isso, no Brasil, a Câmara dos Deputados concluiu na madrugada desta sexta-feira a votação da PEC Emergencial, que estabelece condições para a concessão do auxílio emergencial aos mais vulneráveis atingidos pela pandemia de covid-19 em um montante de até R$ 44 bilhões por fora das regras fiscais em 2021, e também traz gatilhos a serem acionados para conter despesas públicas.

Essa notícia vem em um momento de persistentes incertezas fiscais no país, fator que, segundo analistas, é um dos principais responsáveis pela alta de mais de 7% acumulada pelo dólar frente ao real até agora em 2021.

"O cenário fiscal aqui é muito complicado, mas o ponto é não piorá-lo", disse Otávio Aidar, estrategista-chefe e gestor de moedas da Infinity Asset, à agência de notícias Reuters.

Ele chamou a atenção para a fraqueza do real em relação a seus pares emergentes, após a divisa apresentar o pior desempenho global contra o dólar no ano passado e ficar, até agora, entre as moedas que mais perderam no acumulado de 2021.

"Neste ano, de novo estamos como um dos campeões de depreciação. Por piores que estejam nossos fundamentos, a nossa moeda vem destoando", afirmou.

(Com Reuters)