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Bolsa sobe 1,97% e tem maior alta em duas semanas; dólar cai 0,62%

Bolsa sobe 1,97% e tem maior alta em duas semanas; dólar cai 0,62% - Nelson_A_Ishikawa/royalty free/Getty Images
Bolsa sobe 1,97% e tem maior alta em duas semanas; dólar cai 0,62% Imagem: Nelson_A_Ishikawa/royalty free/Getty Images

Colaboração para o UOL*

05/04/2021 17h35Atualizada em 05/04/2021 18h25

Em meio a informações de que o governo teria chegado a um acordo com o Congresso sobre o Orçamento de 2021 e com um ambiente favorável no exterior, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores brasileira, fechou em alta de 1,97%, a 117.518,44 pontos.

Essa é maior alta desde o dia 17 de março, quando o indicador subiu 2,22%. Hoje, o índice teve mínima de 115.262,30 e máxima de 117.667,85 pontos.

As ações que lideraram os ganhos no dia foram da YDUQS (YDUQ3.SA), com alta de 8,67% a R$ 28,95. Na outra ponta, os papéis que mais caíram foram da CEMIG (CMIG4.SA), com queda de 2,04%, cotados a R$ 12,51.

Já o dólar fechou hoje em queda de 0,62% ante o real, cotado a R$ 5,680 na venda.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

O que influenciou o mercado nesta segunda-feira

O dólar se manteve em queda nesta segunda-feira, com o real encabeçando os ganhos nos mercados globais de câmbio, em meio a informações de que o governo teria chegado a um acordo com o Congresso sobre o Orçamento aprovado pelo Legislativo, enquanto no exterior moedas de perfil semelhante ao real se valorizavam.

Conforme uma fonte disse à Reuters, a área econômica do governo e os líderes do Congresso chegaram a um consenso sobre a necessidade de mudanças no Orçamento aprovado para 2021, e o acordo aponta revisão de premissas de gastos e redução à metade das emendas parlamentares.

A fonte ponderou, contudo, que as tratativas sobre os ajustes no Orçamento devem durar mais alguns dias e "só com muita sorte" as mudanças necessárias seriam concluídas até o fim da próxima semana.

O Orçamento endossado pelos parlamentares duas semanas atrás causou alvoroço no mercado por, nas avaliações de analistas e de integrantes do próprio governo, trazer estimativas irreais de gastos e receitas e pelo robusto volume de emendas parlamentares, o que elevou os prêmios de risco dos ativos financeiros locais.

O mal-estar deixou o presidente Jair Bolsonaro entre a equipe econômica e o Congresso e trouxe de volta ao radar debate sobre a permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, que classificou a peça como "inexequível".

"Acho que, com isso (o suposto acordo), a questão da saída do Paulo Guedes perdeu bastante tração", disse Roberto Motta, responsável pela mesa de derivativos da Genial Investimentos, segundo o qual, com os rumores em torno da saída do ministro se espalhando, os estrangeiros compraram entre quarta e quinta-feiras 76 mil contratos futuros de dólar no mercado local.

"Mas se a turma do fura-teto ganhar importância, ganhar mais verbas, talvez eu não descarte a saída de Paulo Guedes. (...) A gente vai conviver com essas idas e vindas daqui até as eleições (de 2022)", completou.

O mercado também analisou as falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele reforçou que o BC está preocupado com as contas públicas, disse que o Orçamento pode aumentar o risco fiscal e atrapalhar a política monetária e reafirmou que a autarquia não faz política de juros olhando para a taxa de câmbio.

Alguns no mercado entenderam que, com uma preocupação adicional para o BC (o Orçamento), há risco de mais impacto sobre a inflação, o que levaria o BC a subir os juros além do que ele próprio tem indicado.

Os economistas mantiveram a previsão para o IPCA - o índice oficial de preços - em 2021. O relatório Focus divulgado na manhã de hoje, pelo Banco Central, mostra que expectativa de alta de 4,81% no IPCA.

O Ibovespa foi favorecido pelo clima favorável a risco no exterior, após dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos na sexta-feira. O Departamento do Trabalho norte-americano divulgou que foram criados 916 mil postos de trabalho em março, em termos líquidos e fora do setor agrícola, acelerando o ritmo de contratações em relação a fevereiro (468 mil) e superando as expectativas (647 mil vagas).

Os números do mercado de trabalho dos EUA "reforçaram expectativa de que a economia global continuará se recuperando dos efeitos da pandemia de covid-19", avaliou a equipe econômica da CM Capital Markets.

Em Wall Street, o índice S&P 500 renovou máxima recorde nesta segunda-feira, embalado pelos fortes dados norte-americanos de emprego e também com números do setor de serviços no radar. O mercado trabalha com sinais de que 2021 pode registrar o melhor crescimento econômico anual dos EUA em quase quatro décadas.

* Com informações da Reuters