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Dólar sobe a R$ 5,193 com temor sobre precatórios; Bolsa também tem alta

Em 2021, o dólar comercial segue praticamente estável, enquanto o Ibovespa tem ganhos de 3,83% - Suamy Beydoun/AGIF/Estadão Conteúdo
Em 2021, o dólar comercial segue praticamente estável, enquanto o Ibovespa tem ganhos de 3,83% Imagem: Suamy Beydoun/AGIF/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

03/08/2021 17h22Atualizada em 03/08/2021 17h50

Após abrir a semana em queda, o dólar fechou a terça-feira em alta de 0,53%, cotado a R$ 5,193 na venda, em meio a temores fiscais impulsionados pela sinalização do governo de alterar a dinâmica de pagamento dos precatórios — dívidas da União decorrentes de decisões judiciais definitivas, das quais já não cabe recurso.

O Ibovespa também terminou o dia em alta, de 0,87%, chegando aos 123.576,56 pontos. É a segunda sessão seguida de balanço positivo para o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), o que não acontecia há quase duas semanas, desde o período entre os dias 20 e 22 de julho.

Em 2021, o dólar segue praticamente estável, com leve valorização de 0,08% frente ao real, enquanto o Ibovespa acumula ganhos de 3,83%.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Ruído fiscal

Paulo Guedes - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Contribuiu para a alta do dólar uma declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre os precatórios calculados para 2022 — cerca de R$ 90 bilhões. Segundo ele, a obrigação atingiria as despesas federais como um todo, não só o programa Bolsa Família, e o governo já redigiu o esboço de uma proposta para instituir uma nova dinâmica de pagamento.

Para Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos, a impressão que fica entre os investidores é de que essa é uma forma de acomodar medidas populistas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com a retirada de componentes importantes do teto de gastos. "Isso tende a elevar o risco fiscal e gestão da divida pública", afirmou.

O economista e ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, também criticou a proposta de mudança no pagamento de precatórios. Em entrevista a O Estado de S. Paulo, ele chamou a medida de "calote" e disse que o objetivo é "nitidamente eleitoral", visando à reeleição de Bolsonaro em 2022.

O que o governo está propondo é um calote, porque os precatórios resultam de ações judiciais de longa duração, às vezes 10, 20, 30 anos. Depois que o autor da ação ganha a sua causa, vem o governo dizer 'só te pago daqui 10 anos'? Você tem casos de pessoas que morrem sem receber.
Maílson da Nóbrega, ao Estadão

Espera pela Selic

Paralelamente, o mercado se prepara para receber a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), que se reúne hoje e amanhã, sobre o futuro dos juros básicos da economia. No último encontro, o Banco Central indicou que a Selic, hoje em 4,25% ao ano, poderia ser reajustada novamente em 0,75 ponto percentual, mas uma parte dos agentes financeiros aposta em aumento de 1 ponto.

Caso as projeções se confirmem, essa seria a quarta alta consecutiva da Selic e a mais acentuada em 18 anos, desde fevereiro de 2003.

Quando a Selic sobe, os custos dos empréstimos no Brasil também aumentam, o que torna o real mais atrativo para a realização de "carry trade". Essa estratégia consiste na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo — como os Estados Unidos, por exemplo — e compra de contratos futuros de uma divisa de juro maior (Brasil). Desta forma, o investidor ganha com a diferença entre as taxas.

(Com Reuters)