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Profissionais deixam carreiras e faturam até R$ 40 mil com lembrancinhas

Sergio Kapustan

Do UOL, em São Paulo (SP)

01/10/2013 06h00

Com investimento entre R$ 1.000 e R$ 20 mil, alguns profissionais deixaram a carreira nas áreas artística e fonoaudiológica para abrir um negócio próprio e produzir lembrancinhas de aniversário de criança. O faturamento vai de R$ 10 mil a R$ 40 mil.

As lembrancinhas são variadas. Há baleiros em miniatura, chinelos e cofrinhos personalizados, peças em scrap (papel que serve para criar forminhas ou cestas para colocar doces, brinquedos etc.), kit com massa de modelar, giz de cera e livro para colorir, cones cheios de doces, entre outros.

Segundo especialistas, os mimos atraem consumidores de todas as classes sociais, o que amplia o campo de atuação dessas empresas. A internet é a principal ferramenta de venda delas.

De acordo com o Fabiano Nagamatsu, consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa),  para viabilizar uma empresa de lembrancinhas, com um investimento inicial de R$ 1.000, o empresário precisa reservar capital de giro para se manter durante o período de quatro a seis meses sem retirar qualquer dinheiro
 
A reserva é para custear despesas, como telefone, aluguel e matéria-prima até ele receber  os pagamentos. 
 
Para crescer,  Nagamatsu  afirma que o empreendedor deverá investir parte do lucro na própria produção. “Ele precisa acompanhar o mercado porque ele é muito dinâmico”, diz o consultor.

Fonoaudióloga começou atividade em escola

A Art Party Lembranças Personalizadas, de São Paulo (SP), começou como um hobby da fonoaudióloga Claudia Maria Vaz de Lima Bacos, 44. O desenho das capas dos cadernos e os detalhes da lancheira de sua filha Lara Bacos, 12, chamaram a atenção dos colegas de classe.

Lara disse que Bacos era a responsável pelos desenhos e logo as mães das colegas começaram a fazer pedidos para ela personalizar, também, mochilas e cadernos de suas filhas. 

Com um investimento de R$ 1.000, ela resolveu transformar a atividade em um negócio e abriu a empresa há 10 anos. No começo, faturava R$ 200 por mês. Hoje, ela tem um faturamento mensal de  R$ 10 mil e um lucro de R$ 5.000 a R$ 6.000.

Bacos consegue atingir uma margem alta, segundo consultores ouvidos pelo UOL, porque ela trabalha em casa.

A empresa atende o mercado nacional e internacional, como Estados Unidos, Angola e Japão. Os preços de suas peças variam de R$ 1,50 (imã de geladeira) a um kit de atividades de arte (R$ 13).

Empresa começou na área de entretenimento

Os atores Carlos Trad, Marcio Reis e Marcelo Reis criaram a DollyDolly, há 15 anos, para começar a oferecer atrações em festas de aniversário. Somente em 2011, com um investimento de R$ 20 mil para a compra de alguns equipamentos, começaram a produzir também lembrancinhas.

Entre as peças que a empresa fabrica hoje estão ursinho de scrap (R$ 0,67 a unidade) a baleiro estilizado (R$ 4,50).

No início do negócio, as lembrancinhas geravam um faturamento de R$ 2.200. Hoje, representam 50% do faturamento mensal –R$ 35 mil a R$ 40 mil– da companhia o que garante uma margem de lucro de R$ 3.500 a R$ 4.000.

Calote com fornecedor pode atrasar pedidos e comprometer negócio

De acordo com o professor de marketing Maurício Morgado, da FGV (Fundação Getulio Vargas), o calote com fornecedores da cadeia que envolve a venda de produtos de baixo valor –caso das lembrancinhas de aniversário– é comum no meio, pode comprometer a entrega de pedidos no prazo e abalar o negócio.

"É comum esses empresários atrasarem o pagamento de fornecedores de matéria-prima, o que causa um efeito dominó no negócio. Sem material para produzir, o empreendedor não consegue honrar os prazos e perde clientes. E nesse ramo, o boca a boca é essencial para a saúde do negócio."

Por isso, segundo Morgado, o planejamento e o controle do fluxo de caixa é importante para o negócio. "É importante preservar os fornecedores e garantir que não faltará matéria-prima para garantir a produtividade da empresa", diz.

Sem estratégia de marketing, companhia pode fracassar

A consultora Beatriz Micheletto, do Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa), afirma que a disputa no mercado de lembrancinhas é muito acirrada. Por isso, recomenda que o empreendedor invista em uma estratégia de marketing.

Segundo Micheletto, é comum o empreendedor investir todo o capital em um ponto fixo e na compra de equipamentos. "Muitos empresários esquecem que sem divulgação o produto fica encalhado e o negócio não prospera", diz.

Segundo ela, a internet e as redes sociais são ferramentas de publicidade eficientes e que têm custo baixo. “Não  adianta só vontade na hora de montar o negócio. É preciso planejar os passos seguintes”, afirma Micheletto.

Onde encontrar

Art Party : São Paulo (SP). Fone: (11) 3186-8344/98133-0404 
DollyDolly:  Rua João de Almeida, 79, Tatuapé, São Paulo (SP). Fone: (11)  3476-8810