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Empresárias solteiras são mais ousadas e casadas são persistentes, diz SPC

Do UOL, em São Paulo

03/04/2014 12h17

De acordo com um detalhamento da pesquisa sobre a empresária brasileira, realizada em março pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), o perfil das mulheres donas de algum negócio do ramo comercial e da prestação de serviços varia de acordo com o próprio estado civil.

Enquanto as empreendedoras solteiras tendem a dar mais importância à ousadia na gestão do negócio, as casadas valorizam mais a persistência.

Dentre as empresárias casadas entrevistadas, quatro em cada dez (42%) atribuem seu sucesso profissional à persistência e à determinação. O percentual é um pouco menor (37%) entre as que são solteiras.

Por outro lado, são as empresárias solteiras (20%) quem mais citaram a característica ousadia como fator fundamental na hora de decidir empreender. Dentre as casadas, o percentual cai para 13%.

Na avaliação da economista do SPC Brasil, Luiza Rodrigues, o resultado reflete o acúmulo de funções que a mulher dona de casa, esposa e mãe lida dentro e fora do lar para atingir suas aspirações.

“A empresária casada tem uma carga maior de responsabilidade e, para lidar com os múltiplos desafios, se enxerga como uma batalhadora que precisa matar um leão por dia para realizar todas as tarefas”, afirma a economista.

Um exemplo disso é que as atribuições domésticas são menos presentes no dia a dia das empreendedoras casadas.  A pesquisa revelou que metade (50%) das solteiras dedica a maior parte do tempo às tarefas profissionais. Já entre o grupo das casadas, esse percentual é menor (36%), provavelmente por conta da maior demanda de atividades domésticas.

Sucesso profissional e independência

Solteiras e casadas também entendem o sucesso profissional de modos diferentes. Para 14% das casadas, o sucesso profissional é sinônimo de negócio conhecido e de boa reputação. Esse percentual cai para 8% no grupo das solteiras. Em contrapartida, para 22% das mulheres solteiras ser bem sucedida é ver o negócio crescer a cada ano. 

“Os dados mostram que as mulheres casadas tendem a ser mais conservadoras e a prezar pela estabilidade do próprio negócio, ao passo que as solteiras tendem a ser mais competitivas, arrojadas, abertas a mudanças e novas oportunidades”, diz  Rodrigues.

A percepção das empreendedoras sobre a aceitação do sexo feminino no mundo do empreendedorismo também apresentou diferenças significativas. Discriminações associadas ao gênero foram menos percebidas por entrevistadas casadas do que por solteiras.

Entre as casadas, é menor o percentual daquelas que têm a percepção de que recebem no ambiente profissional um tratamento diferente e menos respeitoso daquele concedido aos homens. Os números indicaram que 71% das casadas não acham que seja mais difícil para uma mulher administrar um negócio. Esse percentual cai para 63% entre as solteiras.

Para os especialistas do SPC Brasil, como as solteiras se enxergam como empresárias mais ousadas, é natural que a percepção de inferioridade seja inversamente oposta.

“Provavelmente o perfil mais enfrentador revela que as solteiras estão mais dispostas a quebrar paradigmas, de maneira que as diferenças de gênero não são empecilhos para a sua realização profissional”, diz a economista.

A pesquisa considerou uma amostra de 601 empreendedoras com mais de 18 anos, das 27 capitais brasileiras. Foram avaliadas mulheres de todas as classes econômicas, atuantes nos segmentos de comércio ou serviço. As entrevistas foram realizadas pessoalmente e a margem de erro no geral é de quatro pontos percentuais.