IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Vendedor investe R$ 170 mil e fecha negócio antes de 2 anos; veja erros

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

06/06/2014 06h00

O vendedor autônomo Mateus Lúcio Romualdo, 29, abriu uma microfranquia de reparos e reformas em agosto de 2012. Após um ano e meio e o investimento de R$ 170 mil, entre custos de franquia, equipamentos e manutenção, teve que fechar o negócio.

Sua unidade da Doutor Resolve, em Divinópolis (MG), nunca ficou no azul, diz. “Eles diziam que não era necessária experiência na área, mas não ofereceram treinamentos para fazer orçamentos e acompanhar obras, por exemplo. Eu fechava um contrato por um valor que achava bom, mas acabava tendo prejuízo no final.”

Segundo dados de 2013 do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 15% dos microfranqueados abandonam o negócio após dois anos. O índice é maior que entre franqueados convencionais (5%).

Você quer abrir um negócio próprio?

Resultado parcial

Total de 31217 votos
43,84%
47,36%
1,65%
4,58%
2,57%

Pedro Resende Melo, pesquisador de franquias e  doutor em administração pela USP (Universidade de São Paulo), afirma que o sucesso ou não desse tipo de empresa está muito relacionado ao perfil do franqueado.

"A grande maioria dos investidores é de pessoas que tiveram pouco ou nenhum contato com o mundo dos negócios e têm menos conhecimento sobre o assunto", declara.

Por conta disso, ele diz que muitos interessados não investigam a fundo o negócio, mas fecham contrato porque acreditam na proposta. Por não ter experiência, eles precisam de mais treinamentos da franqueadora, o que nem sempre é oferecido e os leva ao prejuízo, segundo Melo.

Leigo no ramo, o vendedor de Minas Gerais afirma que não conhecia sequer a Lei de Franquias quando decidiu abrir sua unidade. 

Romualdo diz que procurava o auxílio da franqueadora, que prometia ajuda, mas só empurrava a questão de um departamento a outro sem nunca oferecer solução. Sem pagar os royalties devidos à franqueadora (taxa cobrada pela franqueadora pelo uso contínuo da marca e pelo suporte oferecido), o vendedor teve seu nome incluído no cadastro de inadimplentes do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).

Doutor Resolve diz que deu suporte apesar de inadimplência

Segundo a Doutor Resolve, o ex-microfranqueado teve suporte e participou de treinamentos apesar de dever metade da taxa de franquia, além dos royalties para a rede. Segundo a empresa, um acordo, que incluía a devolução integral do que ele havia pago de taxa de franquia, foi proposto e não foi aceito.

Apesar do seu primeiro fracasso, o vendedor não desistiu do ramo. Nesta semana, ele visitou a feira de franquias ABF Franchising Expo em busca de um novo modelo de negócio. 

Especialistas recomendam estudar mercado e consultar advogado

Para Melo, a primeira coisa a se fazer ao avaliar a entrada em uma franquia é procurar um advogado especializado. Melo lembra ainda que o empreendedor pode precisar de mais dinheiro para investir no negócio por estar com uma marca pouco conhecida.

“Se o candidato tiver apenas R$ 80 mil disponíveis e não puder gastar mais, o melhor é nem entrar no negócio. Mesmo que não gaste com advogado, ele pode precisar de dinheiro para fazer sua divulgação localmente, por exemplo”, diz.

Um estudo feito por ele com 1.090 franquias mostra que os microfranqueados consideram sua marca menos conhecida pelos consumidores que a de redes convencionais.

A advogada Marina Bechtejew, da KBM Advogados, escritório especializado em franquias, afirma que o número de candidatos a microfranquia que procuram advogados antes da assinatura do contrato é muito baixo.

Antes de fechar um negócio, ela recomenda que o candidato estude a Lei de Franquias e faça um check-list para saber se a rede cumpre os requisitos. Além disso, é importante pesquisar o histórico e o suporte oferecidos.