Redes de odontologia parcelam em até 48 vezes para atender classe C
Para alcançar o público que não costuma frequentar consultórios particulares de dentista, franquias apostam no parcelamento dos serviços odontológicos em até 48 vezes e abrem unidades em bairros de periferia, como Heliópolis e Itaquera, em São Paulo.
"Nascemos ao lado de um posto de saúde para atender o público que não conseguia atendimento lá. Ainda hoje, boa parte de nossos pacientes faz parte de uma demanda não atendida pelas clínicas públicas ou que não querem esperar meses por uma consulta", diz o vice-presidente da Sorridents, Cleber Soares.
Os preços dos tratamentos vão de R$ 56, para uma limpeza bucal, a R$ 2.000, cobrados em um implante dentário.
Segundo a rede, 80% de suas unidades estão na periferia –em bairros como Itaquera (zona leste de SP). O parcelamento em até 48 vezes representa em média metade do faturamento de uma unidade, segundo a franqueadora, que mira a classe C.
Já a Odontocompany tem 40% das clínicas em bairros afastados dos centros –como Heliópolis e Jardim Ângela, na capital paulista– e as parcelas chegam a 36. A modalidade representa 60% da receita do negócio.
A estratégia tem ajudado na expansão das redes. A Sorridents, que virou franquia em 2006, possui 156 unidades, 23 delas abertas em 2013. A Odontocompany, fundada em 2010, inaugurou 50 clínicas no ano passado e chegou a 98 pontos de operação.
Maioria dos franqueados são dentistas
Segundo a Odontocompany, o investimento inicial em uma unidade da rede é a partir de R$ 220 mil (inclusos taxa de franquia, instalação e capital de giro). Na Sorridents, o custo de abertura parte de R$ 275 mil. As duas franquias necessitam de, pelo menos, quatro consultórios e 250 metros quadrados de área para serem abertas.
De acordo com o vice-presidente da Sorridents, 70% dos franqueados da rede são dentistas. Os 30% restantes são investidores. Ao optar pela marca, o empreendedor paga taxa de franquia de R$ 45 mil a R$ 65 mil (inclusa no investimento), royalties de 6% e taxa de propaganda de 2% sobre o faturamento mensal, custos que não teria com um consultório próprio.
Apesar dessas despesas, Soares diz que a franquia oferece treinamentos de gestão e vantagens como descontos de até 20% na compra de equipamentos e insumos para a clínica, já que a matriz negocia com os fornecedores para toda a rede.
Na Odontocompany, 65% dos franqueados são dentistas, de acordo com o presidente da rede, Paulo Zahr. A taxa de franquia vai de R$ 45 mil a R$ 55 mil. Os royalties são de 7% e a taxa de propaganda 2% sobre o faturamento mensal.
Segundo ele, além do treinamento e auxílio na instalação do ponto comercial, uma marca conhecida traz maior visibilidade e clientela para o negócio.
Consultório próprio é mais viável para dentistas com noções de gestão
Para o coordenador do MBA em gestão de franquias da FIA, Claudio Felisoni, a franquia odontológica é mais atrativa para dentistas com pouco conhecimento gerencial. No entanto, se ele tiver disposição para estudar conceitos de negócio, o consultório próprio passa a ser uma opção viável.
“Na área da saúde, assim como em várias outras, os profissionais têm muita competência técnica, mas pouca instrução sobre gestão do negócio. As franquias estão aí para suprir esta carência, mas nada impede que o empreendedor busque este conhecimento por conta própria”, afirma.
No caso do parcelamento de longo prazo, o professor alerta que o risco de inadimplência é maior. “Quando o prazo é longo, a chance de acontecer algo que prejudique a estabilidade financeira do consumidor é maior”, diz.
A Sorridents informou que a taxa de inadimplência na rede é de 2%. Já na Odontocompany, o índice é de 9%.
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