IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Empresas brasileiras vão ao Vale do Silício buscar investimento milionário

Da esq. para a dir., os empreendedores Eric Milfont, Guilherme Mynssen e Fabrício Vargas Matos - Arte/UOL
Da esq. para a dir., os empreendedores Eric Milfont, Guilherme Mynssen e Fabrício Vargas Matos Imagem: Arte/UOL

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

21/08/2014 06h00

Berço de muitas empresas de tecnologia, o Vale do Silício, na Califórnia, receberá uma comitiva com 32 start-ups brasileiras. Elas participarão do TechCrunch Disrupt, um dos principais eventos de tecnologia do mundo, entre os dias 8 e 10 de setembro.

No evento, os empreendedores terão a chance de conversar com investidores, fornecedores, parceiros comerciais e até concorrentes. Segundo o gestor de start-ups do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Márcio Brito, a ideia é que, por meio desse contato, as empresas possam fechar contratos de investimentos e crescerem no Brasil.

Para que as empresas possam se apresentar para investidores e parceiros internacionais, elas passarão por dois treinamentos em inglês, ministrados pelo Sebrae e pela ApexBrasil (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos). O primeiro será online, com duração de três horas. O segundo será de oito horas, pessoalmente, nos Estados Unidos.

Durante as palestras e na feira de start-ups, os empreendedores precisarão estar com o ‘pitch’ –apresentação curta sobre o negócio– afiado, segundo Brito. “Às vezes, o empresário tem poucos segundos para ganhar a atenção do investidor. É preciso estar preparado para aproveitar a oportunidade”, afirma.

A maioria das start-ups terá de arcar com custos da viagem, hospedagem e entrada no evento. Algumas unidades do Sebrae custearão parte das despesas das empresas de seu Estado. A entidade, no entanto, não informou quais Estados darão esse subsídio.

Start-ups querem investimentos de R$ 1 milhão

A empresa Atestados.med é uma das 32 escolhidas para ir ao Vale do Silício. Segundo o sócio Eric Milfont, 26, o objetivo da viagem é divulgar o negócio e iniciar contatos com investidores. Para cumprir a primeira etapa de expansão no Brasil, ele diz precisar de R$ 1 milhão.

Criada no início de 2012 em Recife (PE), com investimento de R$ 300 mil, a start-up é um site para validação de atestados médicos. “Percebemos que muitas empresas perdem produtividade por conta de atestados falsos entregues pelos funcionários”, afirma.

Com a ferramenta, o médico imprime o documento com um QR code, que pode ser lido pelo smartphone do empregador. O código leva a uma página em que é possível checar a autenticidade do documento e o registro do médico no CRM (Conselho Regional de Medicina).

A EasyLook, de Vitória (ES), também pretende conseguir investimento de R$ 1 milhão para divulgar e fazer melhorias em seu aplicativo, uma espécie de delivery de profissionais de beleza, que será lançado em setembro, segundo o co-fundador Fabrício Vargas Matos, 39.

Pelo aplicativo, o cliente pode solicitar cabeleireiro, manicure e outros serviços no horário e local desejado. A empresa, aberta em maio com investimento de R$ 100 mil, está em fase de cadastramento de profissionais. Até o lançamento, a expectativa é ter, pelo menos, mil cadastros, afirma Matos.

Investimento dificilmente vem no primeiro contato

A carioca Chefs Club, um clube de descontos em restaurantes, participou de um evento de tecnologia em Austin, no Texas, em março. Na ocasião, a empresa iniciou conversas com investidores, as quais espera transformar em negócios nessa viagem ao Vale do Silício, segundo o co-fundador da start-up Guilherme Mynssen, 29.

Para investir em melhorias e novas ferramentas para o serviço, a empresa precisa de R$ 4 milhões, segundo Mynssen. “Conseguir investimento é um trabalho de construção, você precisa ganhar a confiança do investidor e provar que seu time é capaz de alcançar os resultados esperados”, diz.

A empresa foi criada em maio de 2012 com investimento de R$ 200 mil. Hoje, o serviço tem cerca de 20 mil usuários ativos e cobra R$ 12 por assinatura mensalmente.

De acordo com a gestora de projetos da ApexBrasil, Flávia Egypto, é difícil uma start-up conseguir fechar investimentos no primeiro contato. Segundo ela, a viagem ao Vale do Silício deve ser enxergada como uma oportunidade para iniciar conversas, fazer networking e abrir portas.

“Numa ocasião como essa, é preciso ouvir especialistas, mostrar a cara e aceitar críticas para, quando voltarem ao Brasil, fazerem melhorias no produto. Para conseguir investimento, o empreendedor não pode achar que a empresa dele é perfeita”, afirma.