Fãs de poesia faturam R$ 250 mil vendendo camisetas com trechos de livros
Trechos de obras de escritores como Machado de Assis, Augusto dos Anjos, Charles Bukowski e William Shakespeare, entre outros, são estampas de camisetas da loja virtual Poeme-se, que aposta nos fãs de literatura para crescer. Em 2013, a marca teve faturamento de R$ 250 mil e pretende dobrar o número em 2014.
A ideia de negócio surgiu em 2010, quando Gledson Vinicius Machado, 29, e a namorada Gabriela Santoro, 35, assistiram a uma performance de poesia falada em um espaço cultural no Rio de Janeiro. Ele trabalhava com elaboração de projetos para o terceiro setor e ela, como professora da rede estadual.
A vontade de criar algum projeto ligado à poesia fez com que pesquisassem o mercado e descobrissem uma oportunidade de negócio.
“Durante a pesquisa, notei que não tinha nada que eu pudesse usar para mostrar o que a poesia significa para mim, a não ser que as pessoas entrassem no meu blog. Então, a ideia de criar novos suportes, como a camiseta, começou a surgir”, diz Machado.
Ele fez cursos no Sebrae, rascunhou o plano de negócios, iniciou os testes com estampas e dedicou todo o ano de 2011 a pesquisas com fornecedores para chegar ao produto final. Machado deixou o emprego e contou com o apoio, inclusive financeiro, da namorada para se dedicar ao negócio.
A escolha pelo comércio eletrônico se deu pelo baixo investimento inicial. Para abrir a empresa, em 2012, foram gastos R$ 15 mil, segundo o empresário. Atualmente, também é possível encontrar os produtos da Poeme-se em 16 revendas pelo país. Além das camisetas, a empresa também faz itens como canecas, almofadas e bótons.
Na loja virtual, são vendidas de 120 a 150 camisetas por mês, que custam entre R$ 49 e R$ 58. Somando os demais pontos de venda, o número chega a 600. Entre as mais populares estão peças de Machado de Assis e Fernando Pessoa, segundo o empresário.
Empresa utiliza obras de domínio público
Segundo Machado, a empresa utiliza, principalmente, textos que já caíram em domínio público. No entanto, também são feitas parcerias com autores contemporâneos e com suas famílias, caso do Candeia, Waldir59, Mario Lago, mano Melo e Elisa Lucinda.
Em alguns casos, porém, a ideia esbarra no direito autoral. “Já deixamos de criar muita coisa por conta desse limitador. Negociar com a família é sempre um problema. Às vezes conseguimos, às vezes não”, diz o empresário.
Em 2013, a empresa ganhou um novo sócio, o publicitário Leonardo Borba, 29. A equipe é composta, ainda, por dois funcionários para tarefas operacionais e cerca de 20 designers em todo o país, que produzem as artes que estampam os produtos.
Criar vínculo emocional ajuda a se diferenciar, diz consultora
O diferencial deste tipo de negócio está em criar um vínculo com o consumidor, segundo Luana Pontes, diretora de negócios da agência de comunicação Cherry Plus e professora do curso de empreendedorismo no universo da moda da Escola São Paulo.
“Para ter sucesso, a marca precisa de design, identidade visual, marketing, ter um DNA bem definido e saber quem é seu público e como conversar com ele. Criar um vínculo emocional entre marca e consumidor é o grande diferencial”, diz.
Machado afirma que vem conseguindo aproximar o público do universo literário. “Eu sinto necessidade de popularizar a literatura porque essa ideia de olhá-la como algo sagrado só serve para quem tem um conhecimento profundo do tema. Para quem não lê muito, não funciona.”
Luis Taniguchi, professor da pós-graduação em negócios da moda do Centro Universitário Senac, diz que, para um negócio deste tipo, é importante estar atento à qualidade dos fornecedores e da própria loja virtual.
“Oferecer os produtos com algo além do esperado pelo cliente, preços competitivos, fácil navegação, formas de pagamento e um bom pós-venda ajudam a ter sucesso.”
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