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Sites leiloam roupas usadas por atletas e camisa de Neymar sai por R$ 5.300

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

28/08/2014 06h00

No ar desde julho, o site de leilão de artigos esportivos Bazar Sports, do Rio de Janeiro, já despachou 19 itens. Um deles foi a camisa usada pelo atacante Neymar na estreia do Brasil na Copa, arrematada por R$ 5.300 por um usuário da China.

O valor mais alto, no entanto, foi pago pela camisa usada pelo zagueiro Thiago Silva no jogo das oitavas de final contra o Chile. A peça foi arrematada por R$ 8.000, também por um usuário da China.

De acordo com o sócio do site Rodrigo Stempniewski, 42, há usuários cadastrados em 20 países, entre eles Estados Unidos, Espanha, Itália, França e Turquia. Além da versão em português, o site pode ser visualizado em inglês e espanhol, e recebe lances do exterior em dólares. A empresa não revela faturamento.

O empresário diz que o investimento inicial foi de R$ 625 mil. O recurso veio de investidores, sendo um deles o ex-jogador de futebol Deco. “Esse material tem valor muito alto para os fãs, mas, em muitos casos, ficava perdido na casa do atleta. Nossa proposta é dar melhor destino a esses produtos.”

Para conseguir os itens usados pelos atletas, Stempniewski e o sócio, Gustavo Henrique de Souza, 36, recorrem aos contatos que conseguiram em cerca de 15 anos de carreira no ramo de marketing esportivo.

“As peças da Copa do Mundo foram obtidas pelo roupeiro da seleção. Também temos contato direto com atletas e agentes que nos cedem o material”, afirma. O valor arrecadado no leilão é dividido em partes iguais entre o atleta e a empresa. Da metade que fica para o site, 5% é doada para projetos sociais.

Site aproxima ídolo e fã em partida de futebol

Outro site de leilões, o Ídolos Eternos, em São Paulo, já despachou uma luva usada e autografada pelo goleiro Cássio, do Corinthians, por R$ 5.500. Também foi arrematada uma moldura de gesso com as mãos da jogadora de vôlei Sheilla por R$ 955.

Do valor de venda, 20% fica para a empresa e 80% para o atleta, que pode doar o valor integral ou parte dele para instituições de caridade, segundo o dono do negócio, Eduardo Rosemberg, 42.

De acordo com ele, são realizados, em média, seis leilões por mês. A empresa atua também com a venda de peças autografadas, e na organização de eventos nos quais o fã tem contato direto com seu ídolo.

O último evento feito foi uma partida de futebol de 50 minutos com os ex-jogadores do Corinthians Neto e Biro-Biro. Cada uma das 15 vagas foi vendida por R$ 290. “É uma maneira de aproximar o fã de seu ídolo e fazer daquele momento uma experiência inesquecível”, afirma Rosemberg. O faturamento não foi revelado.

Para abrir o negócio, em abril de 2013, o empresário investiu R$ 300 mil. Segundo ele, os oito anos em que trabalhou com marketing esportivo lhe abriram portas para que pudesse solicitar os itens aos atletas. Além disso, Rosemberg é sócio da loja esportiva Roxos e Doentes, e participou da criação das lojas do Corinthians, Coritiba, Atlético-MG e Cruzeiro.

Modelo de negócio pode gerar desconfiança

As duas empresas informaram que enviam, junto com o produto, uma foto do momento da entrega ou do autógrafo do atleta, além de um certificado emitido por elas mesmas para assegurar a origem do artigo. Em ambos os sites, as peças são lavadas a seco antes de serem leiloadas.

No entanto, essas medidas deixam margem para dúvida, segundo o advogado especialista em direito digital Leandro Bissoli. “O site pode ter uma foto, mas, ainda assim, não dá para garantir que o produto leiloado é o mesmo utilizado pelo atleta. O comprador precisa ter cuidado para não ser enganado”, afirma.

Para o professor de empreendedorismo do Ibmec-RJ Luiz Fernando Barbieri, o leilão virtual não é muito popular no país e as empresas terão de investir alto em marketing para tornarem o modelo mais conhecido. “Esse ainda é um formato pouco conhecido e que pode gerar desconfiança nos consumidores”, diz.

Segundo Barbieri, os leilões de artigos esportivos focam um nicho pequeno de mercado: os colecionadores. De acordo com ele, a maioria dos torcedores até pode participar dos leilões, mas é provável que se dê por satisfeita após a terceira ou a quarta aquisição.

Para que o negócio perdure, o professor diz que é preciso buscar o maior número de parcerias com atletas de diferentes modalidades e até mesmo partir para o leilão de artigos usados por celebridades de outras áreas, como atores e cantores. “É uma forma de ampliar o público e minimizar os riscos”, afirma.

Onde encontrar:

Bazar Sports: www.bazarsports.com

Ídolos Eternos: www.idoloseternos.com.br