IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Metade das empresas não tem empregados; donos improvisam no dia a dia

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

23/10/2014 06h00

49% das empresas brasileiras funcionam somente com o dono ou sócios, sem funcionários, segundo o estudo Demografia das Empresas, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), divulgado em setembro. Das 4,6 milhões de empresas do país em 2012, período do estudo, 2,3 milhões não empregam.

O custo alto da contratação é um dos principais motivos apontados por quatro empreendedores com esse perfil ouvidos pelo UOL. Para driblar a dificuldade, alguns recorrem à terceirização, outros se equilibram entre as diversas funções de uma empresa. Na rotina solitária à frente do negócio, eles relatam o risco de se perder em meio às tarefas e não pensar estrategicamente.

Segundo a pesquisa, as atividades com maior número de empresas sem funcionários são comércio e reparo de veículos, que correspondem a 45,7%; atividades profissionais, cientificas e técnicas vêm em seguida, com 7,1%; e atividades administrativas e serviços complementares, com 6,7% de participação.

“No comércio, destacam-se empresas familiares, representantes comerciais. Nas atividades profissionais e serviços, grande parte corresponde a consultorias de profissionais especializados, como veterinários, escritórios de engenharia e arquitetura, entre outros”, diz Francisco Marta, técnico responsável pelo estudo.

Site de hospedagem de animais terceiriza serviços

Monique Almeida, fundadora da Pet Roomie - Divulgação - Divulgação
Monique Almeida é fundadora do site Pet Roomie
Imagem: Divulgação

Monique Almeida, 33, é fundadora do site Pet Roomie, que promove o encontro de donos de animais e pessoas dispostas a cuidar temporariamente dos bichinhos. A empresa funciona desde novembro de 2013 no Rio e tem faturamento modesto, de cerca de R$ 1.000 por mês. A receita vem de taxas cobradas dos usuários – 5% de quem oferece o serviço e 10% de quem contrata.

Ela divide seu dia entre gestão, planejamento, atendimento ao cliente e acompanhamento dos serviços, e pretende contratar alguém para a administração ainda este ano, pois espera que nas férias o movimento cresça. O desenvolvimento e a manutenção do site ficam a cargo de uma empresa terceirizada, assim como a comunicação e a produção de conteúdo para redes sociais. 

"As demandas de uma start-up muda muito no início. Se eu contratasse alguém para uma função e precisasse deslocar esforços para outra área, pesaria muito nos meus custos. Agora, com o estabelecimento da empresa, entendi exatamente qual era a necessidade", afirma.

Donos de loja virtual não têm tempo para planejar estratégia

Bianca Brancaleone e Guilherme Serrano - Divulgação - Divulgação
Bianca Brancaleone e Guilherme Serrano são sócios em duas empresas
Imagem: Divulgação

O casal Bianca Brancaleone, 27, e Guilherme Serrano, 27, mora em Sorocaba (SP) e é dono de duas empresas: a GS Solutions, de desenvolvimento de sites e aplicativos, e a loja virtual Eu Compraria!, voltada ao público nerd. Juntas, elas rendem um faturamento de R$ 105 mil ao ano, segundo o casal. “Nosso faturamento ainda não permite que tenhamos funcionários”, diz Brancaleone.

Serrano é programador nas duas empresas e Brancaleone faz arquitetura da informação na GS Solutions e cuida do estoque, do atendimento ao cliente e da divulgação da loja virtual. O lado bom é poder trabalhar em casa. O ruim é perder tempo com tarefas operacionais, diz Serrano. Com isso, o casal não consegue se dedicar à parte estratégica do negócio.

Empresa de locução pode trabalhar de qualquer lugar

A locutora Malu Pontes, da empresa MS4 - Divulgação - Divulgação
Malu Pontes presta serviços de locução para empresas
Imagem: Divulgação

A locutora e atriz Malu Pontes, 37, é fundadora da M4S, de São Paulo, que há quatro anos presta serviços de locução para empresas. Ela diz que não tem funcionários porque consegue fazer o trabalho de locução, edição de áudio e atendimento aos clientes sozinha. Ela não divulga o faturamento, mas diz que vive confortavelmente com a filha. 

“Como faço tudo, tenho controle total sobre a qualidade e a entrega do trabalho. Evito despesas com registros de funcionários e encargos trabalhistas. Também posso trabalhar de qualquer lugar, basta levar meus equipamentos. A desvantagem é que, às vezes, fico sobrecarregada”, declara. 

Representante comercial tem sobrecarga de tarefas

Rafael Pólvora, da Miragem Criativa - Divulgação - Divulgação
Rafael Pólvora é representante comercial e consultor de varejo
Imagem: Divulgação
Rafael Pólvora, 28, tem há oito anos uma empresa de representação comercial e de consultoria de varejo, a Miragem Criativa, de São Paulo. Ele diz que, se tivesse funcionários, a empresa se tornaria mais onerosa e inviável. “Assim, tenho um custo fixo menor, visto que não há necessidade de um escritório maior e mais equipado", diz.

Pólvora gosta de ter autonomia de decisões e flexibilidade de horário, além de controle total sobre o negócio. O lado negativo, segundo ele, é ter uma empresa dependente de sua presença e a sobrecarga de tarefas administrativas. “Só penso em contratar alguém quando as atividades administrativas atrapalharem o desempenho comercial da empresa.”

Onde encontrar:

Pet Roomie: www.petroomie.com.br

GS Solutions: www.gssolutions.com.br

Eu Compraria!: www.eucompraria.com.br

MS4 Locuções: www.malupontes.com.br

Miragem Criativa: www.miragemcriativa.com.br