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Lampião com Lanterna Verde: camisetas misturam ícones pop para atrair nerds

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

02/12/2014 06h00

O rei do cangaço Lampião vestido como Lanterna Verde, o Homem de Ferro dos quadrinhos no figurino do Homem de Lata de “O Mágico de Oz” e o Batman dirigindo um carro de bate-bate são algumas estampas da marca de camisetas Redbug, que aposta no cruzamento de ideias e personagens –o chamado “crossover”– para lucrar.

A empresa de Bauru (329 km a noroeste de São Paulo) vende seus produtos pela internet e em lojas de games há oito anos e tem como principais clientes os públicos nerd e “geek”, grupo de apaixonados por tecnologia e cultura pop. Por mês, a Redbug comercializa cerca de 2.500 camisetas ao preço de R$ 59 (fora o frete). O faturamento não foi divulgado.

As estampas das camisetas buscam referências em desenhos animados, filmes, séries de TV e em personagens reais, como é o caso do Lampião. “Para fazer o cruzamento de ideias é preciso ter muito repertório, assistir de tudo e passar um bom tempo navegando na internet”, diz Juliano Caetano, 37, sócio da empresa.

Antes de começar o negócio, Caetano trabalhava no departamento de criação de uma agência de propaganda. Ele afirma que abriu a empresa porque percebeu uma carência de brincadeiras e sacadas inteligentes no mercado de camisetas.

“O trocadilho não pode ser muito simples nem muito difícil de entender. Procuramos um meio termo para dar um certo ar de exclusividade ao produto. É isso o que faz uma camiseta ser mais vendida, independentemente do personagem nela”, afirma.

Trechos de música e feminismo inspiram estampas

A loja El Cabritón, na capital paulista, inspira-se especialmente no mundo artístico para produzir suas estampas. Alguns produtos trazem trechos de músicas de Tim Maia e Caetano Veloso. As camisetas são o carro-chefe do negócio e representam 90% das vendas. Os preços variam de R$ 59 a R$ 89.

Também são comercializados ímãs de geladeira, chaveiros, capas de almofadas e pôsteres, que variam de R$ 10 a R$ 119. “Produzimos as estampas a partir de piadas que ouvimos no dia a dia ou na internet”, declara Gabriel Fruchi, 25, gerente de vendas da loja. A empresa não revela o faturamento.

Outra loja online que se inspira em personagens da cultura pop é a recém-inaugurada Heroicas, de São Paulo. Aberta em setembro, a loja virtual vendeu cerca de cem camisetas nos primeiros 30 dias de atividade, segundo a fundadora Mariana Lopes, 33. Cada peça custa R$ 49.

Os produtos levam imagens e citações de mulheres notáveis na história, como Frida Kahlo, Coco Chanel e Rosa Luxemburgo. Uma das camisetas mais vendidas traz a estampa “Rage against the machismo” (rebele-se contra o machismo), um trocadilho com o nome da banda de rock Rage Against the Machine.

“Procuro colocar nas estampas pensamentos que expressam o que as mulheres sentem. As ideias vêm de conversas e grupos de discussões feministas e são uma oposição às várias frases machistas que vemos no dia a dia”, afirma a empresária.

Vendas online estão em alta, mas poucas lojas sobrevivem

O comércio virtual no país está em alta. Em 2013, o e-commerce brasileiro faturou R$ 31,1 bilhões, segundo a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico). Para este ano, o setor espera arrecadar R$ 39,5 bilhões, um crescimento de 27%.

De acordo com a entidade, das 45 mil lojas virtuais existentes no Brasil, apenas 30% estão ativas. “Os principais motivos que levam esses sites ao fechamento é a falta de planejamento e conhecimento do mercado”, diz Maurício Salvador, presidente da ABComm.

Para os sites que querem utilizar personagens da cultura pop em seus produtos, uma barreira é a necessidade de licenciamento e autorização de uso de imagem, segundo Márcio Gonçalves, diretor jurídico da Abral (Associação Brasileira de Licenciamento). Segundo ele, os contratos de licenciamento são dispendiosos. O licenciador pode cobrar royalties de 3% a 15% sobre o valor de venda do produto.

Nenhuma das empresas citadas possui licença ainda. A El Cabritón alega que as estampas são produzidas por artistas e designers terceirizados e paga apenas para eles o direito da obra. A Redbug diz que os personagens das estampas não são os mesmos que os originais, apenas remetem a eles. Já a Heroicas afirma que pretende buscar licenciamento em breve.

Onde encontrar:

El Cabritón: www.elcabriton.com

Heroicas: www.heroicas.com.br

Redbug: www.redbug.com.br