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Empresários "viciados" em abrir negócio vão de site evangélico a lotérica

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

10/12/2014 06h00

O tipo de negócio pode ir de um extremo a outro, porque o que importa para eles é empreender. Motivados pelo desafio, os chamados empreendedores seriais (que abrem vários negócios) não se contentam com a rotina de uma empresa já estabelecida. Preferem se desapegar e deixá-la na mão de outras pessoas, desde que isso abra caminho para iniciar um novo projeto.

O UOL ouviu três empresários com esse perfil. O economista Israel Salmen já abriu de site gospel a portal caça-descontos, passando por uma corretora de ações. O engenheiro mecânico Sérgio Kulikovsky se especializou em abrir e vender empresas de tecnologia. Já o administrador Mauricio Catelli gosta de apostar em diferentes negócios como casa lotérica, imobiliária e empresa de TI. 

Mineiro empreende desde os 13 anos

Israel Salmen, do Méliuz - Divulgação - Divulgação
Israel Salmen, do Méliuz
Imagem: Divulgação

Aos 26 anos, o mineiro Israel Salmen já iniciou quatro negócios. Ele começou a empreender informalmente aos 13, fazendo sites. Aos 15, criou um site com fotos de eventos evangélicos junto com um primo mais velho.  Em um ano, a Galeria Gospel estava fotografando eventos em Belo Horizonte (MG), Governador Valadares (MG), Guarapari (ES) e João Pessoa (PB).

Aos 17, ele se mudou de Governador Valadares para Belo Horizonte, para se preparar para o vestibular, e deixou a empresa com o primo. Aos 19, abriu uma corretora de investimentos com um colega da faculdade. O trabalho estressante e a dificuldade em agradar os clientes do mercado financeiro o desmotivaram, ou melhor, o animaram a iniciar outra empreitada.

Em 2011, vendeu a corretora e abriu seu negócio atual, o site Méliuz, que oferece cupons de desconto para compras em lojas parceiras. “O foco tem que estar na motivação e não no produto. O produto deve ser uma consequência de algo que você quer fazer, que gera benefícios para outros. Ele é um mero coadjuvante”, declara.

Empresário já está no sétimo negócio

Sérgio Kulikovsky - Divulgação - Divulgação
Sérgio Kulikovsky, da Acesso
Imagem: Divulgação

Sérgio Kulikovsky, 44, está em sua sétima empresa de tecnologia. “O que mais gosto é da fase do planejamento e de colocar a empresa no mercado”, diz. Sua trajetória como empreendedor começou em 1998, com a NetTrade, corretora de ações online. Depois, ajudou a fundar a certificadora digital Certisign, a empresa de pagamentos online Boldcron e a loja de jogos Banana Games, que foram vendidas.

Entre os insucessos, estão uma editora para livros eletrônicos e uma empresa de consultoria em telecomunicações. Atualmente, ele preside a Acesso, empresa que emite e gerencia cartões pré-pagos. “Vender a empresa é algo que está sempre no meu radar, mas eu não trabalho com esse foco e, sim, em torná-la competitiva”, declara.

Diversificando investimentos

Mauricio Catelli - Divulgação - Divulgação
Mauricio Catelli, da Imper
Imagem: Divulgação

Mauricio Catelli, 47, administra a imobiliária Imper, em São Paulo, fundada por seus pais há 40 anos, mas criou a Imper USA, que vende imóveis nos EUA para brasileiros, a CAS Tecnologia, de engenharia de sistemas e automação, e foi dono de lotérica no final dos anos 90.

“Eu trabalho pensando na continuidade dos negócios, exceto no caso da lotérica, que eu pretendia que fosse por tempo determinado. Mas o que mais me motiva é ver resultados de ações novas e inovadoras”, afirma.

Inquietude motiva, mas falta de foco pode ser problema

Cynthia Serva, coordenadora do Centro de Empreendedorismo do Insper, diz que o empreendedor serial é inquieto e está sempre atento às oportunidades de negócio que possam surgir. “Ele é uma pessoa dinâmica que gosta de desafios. Quando o negócio chega na estabilização, em que o papel dele é gerir, ele fica desmotivado. Ou ele monta equipes para isso ou vende e parte para outra.”

Para Renato Fonseca, gerente do Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo), o desafio dos empreendedores seriais é a falta de foco. “A pressa em iniciar negócios pode fazer com que ele não consolide nenhum. Além disso, é importante que ele tenha métricas para acompanhar a empresa e faça cobranças periódicas, mesmo se deixar a administração para outros.”