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Grife de moda street faz entrega no metrô e agenda por WhatsApp

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

16/01/2015 06h00

Na tentativa de tornar conhecida na Grande São Paulo sua grife de roupas de moda jovem, a TomaHawk Fit, Otávio Henrique Pereira Silva, 22, decidiu ir ao encontro do cliente. Pela página da empresa no Facebook ou pelo aplicativo de celular WhatsApp, ele combina a entrega do produto pessoalmente em estações de trem e de metrô.

O cliente escolhe a peça pela internet e marca um encontro para receber o produto e fazer o pagamento, fugindo, dessa forma, do frete cobrado pela entrega via correio. O pagamento pode ser feito em dinheiro ou crédito, por meio de um leitor de cartões acoplado ao celular do empresário.

Silva adotou o método de entrega nas estações de trem e de metrô há dois meses e diz ter aumentado as vendas de 30 para 80 peças por mês. "A maioria dos clientes utiliza o transporte público para trabalhar. É mais cômodo para eles receber o produto no meio do caminho do que esperar a entrega em casa", afirma.

Segundo ele, as estações onde mais faz entregas são: Capão Redondo (zona sul), Tucuruvi (zona norte) e Tatuapé (zona leste). A empresa também tem compradores de outras cidades e Estados, como Rio de Janeiro e Salvador. Nesse caso, o produto é enviado pelo correio com cobrança de frete.

De acordo com Silva, os itens mais vendidos são as blusas de moletom, que variam de R$ 89,90 a R$ 99,90, e as regatas, que custam de R$ 29,90 a R$ 39,90. A marca também vende camisetas com preços entre R$ 29,90 e R$ 49,90. O empresário não informou o faturamento nem a margem de lucro do negócio.

Empreendedor gasta uma passagem por dia e avisa atraso pelo celular

A marca surgiu em janeiro de 2013, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, mas só foi formalizada um ano depois. Na época, o investimento foi de R$ 1.800, segundo o empresário. Silva é um microempreendedor individual e ele mesmo cria os desenhos e corta o tecido. No entanto, a costura e a impressão das estampas são terceirizadas.

Silva diz que faz entregas nas estações de trem e de metrô diariamente. Ele tenta encaixar os encontros em horários próximos para sair de casa apenas uma vez. As entregas são feitas do lado de dentro da catraca. Como o sistema de trens e metrô é interligado, o empresário gasta apenas uma passagem.

O empresário afirma que nunca um cliente deixou de aparecer, mas já houve casos em que ele teve de esperar por mais de 30 minutos um comprador atrasado. "O cliente sempre avisa pelo celular quando está atrasado e, por isso, eu o espero. Se eu tiver outra entrega em seguida, também aviso o próximo cliente de que poderá haver atraso", declara.

Comércio ambulante é proibido nas estações

O comércio ambulante é proibido no interior dos trens e estações da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e do Metrô e a atividade está sujeita à apreensão da mercadoria, segundo a Secretaria de Transportes Metropolitanos.

O empreendedor, por sua vez, diz que, diferente dos ambulantes, não usa as estações como ponto de venda. "Apenas levo o produto, o cliente olha, paga e nós dois vamos embora", afirma. Silva declara, ainda, que pretende parar de entregar os produtos nas estações quando a marca se tornar mais conhecida.

Falta de espelho e de provador na estação pode inibir comprador

A iniciativa do jovem é uma estratégia de marketing positiva, mas pode não ser viável no longo prazo, segundo o consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo) Adriano Augusto Campos. "Conforme as vendas aumentarem, a agenda do empreendedor ficará mais apertada e, dificilmente, ele conseguirá fazer todas as entregas sozinho", diz.

Campos afirma, ainda, que, numa estação pública, o cliente não terá espelho nem provador para ver como a roupa fica em seu corpo. "Essa falta de privacidade pode inibir o cliente e fazer com que ele desista da compra. O empreendedor corre o risco de fazer a viagem, mas não realizar a venda."

Onde encontrar:

TomaHawk Fit: www.tomahawkfit.com.br