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Velejadora cria sapato aquático para atletas e conquista idosos e crianças

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

26/02/2015 06h00

Velejadora amadora desde os oito anos, quando acompanhava o pai em regatas, a advogada Meg Gonzaga, 53, resolveu abrir uma empresa para fabricar sapatilhas para atividades aquáticas, a uFrog. Mas, além dos esportistas náuticos, o produto atingiu um público inesperado: idosos, crianças e praticantes de pilates.

Com isso, a empresa faturou R$ 1,6 milhão em 2014, e espera faturar R$ 2 milhões em 2015 (25% mais). 

"A ideia veio da necessidade de um calçado entre o tênis e o chinelo, que mantivesse os pés aquecidos, sem escorregar nas embarcações, e com que fosse possível nadar", diz Gonzaga. Assim, surgiu uma sapatilha de neoprene para a prática de esportes aquáticos como vela, stand up paddle (SUP), hidroginástica, jet ski, canoagem, entre outros. 

O solado do calçado é de borracha antiderrapante. No mercado desde janeiro de 2014, o produto levou dois anos para ser desenvolvido e concorre com gigantes do ramo, como a Mormaii. É vendido pela loja virtual da uFrog e em lojas de artigos esportivos e de moda praia. Os preços vão de R$ 74,90 (bebê) a R$ 119,90 (adulto).

Para montar a fábrica, que fica em Garopaba (SC), ela contou com o apoio de duas empresas investidoras. Ela não conta qual foi o montante aplicado no negócio, mas diz que foi acima de R$ 1 milhão. Atualmente, a fábrica produz 2.500 pares do calçado por mês.

Praticantes de pilates, crianças e idosos foram público não previsto

Depois de lançado, começaram a surgir novas utilidades para a uFrog. Praticantes de pilates, idosos e crianças o utilizam até fora da água, por ser antiderrapante e evitar escorregões. "Esses públicos são tão importantes para o faturamento da empresa quanto os praticantes de esportes aquáticos", afirma a empresária.

Gonzaga foi procurada por empresas de moda para surfistas interessadas na novidade e pretende exportar o produto. Uma aposta da empresa para ampliar as vendas é a criação de estampas da moda. Além disso, ela trabalha no desenvolvimento de outro calçado, uma bota para surfistas, ainda sem previsão de lançamento.

Novos públicos exigem posicionamentos diferentes, diz consultor

Para Gustavo Carrer, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa de São Paulo), este é um típico caso de empreendedorismo por oportunidade.

“É muito comum que empresas sejam criadas a partir de uma necessidade pessoal, da identificação de uma deficiência do mercado. Mas é importante avaliar se há outras pessoas com o mesmo problema que o seu e, se houver, qual o tamanho desse mercado. Às vezes, um nicho muito específico não suporta a entrada de uma empresa”, afirma.

O incomum neste caso, segundo ele, foi a adesão ao produto por outros públicos que não estavam previstos inicialmente. Isso é benéfico, à medida que pode ampliar os canais de vendas, mas pode gerar problemas de posicionamento do produto.

“Se pensarmos em números absolutos, há muito mais crianças e idosos do que praticantes de esportes aquáticos. Eles podem acabar virando o público principal. Neste caso, é necessário adaptar a comunicação, a embalagem e os canais de venda. Em alguns casos, até o nome do produto acaba sendo incompatível com a nova aplicação”, diz.

Uma saída possível, segundo ele, seria criar uma segunda marca, com outro posicionamento. Incluir elementos lúdicos como personagens para conquistar crianças e apostar em farmácias e lojas de artigos ortopédicos para chegar aos idosos, por exemplo. “O importante é manter o foco e ter cuidado para não se perder nas possibilidades. O ideal é planejar a entrada em cada segmento, com estratégias adequadas.”

Onde encontrar:

www.ufrog.com.br