IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

40% dos moradores de favelas querem abrir negócio próprio, diz estudo

Do UOL, em São Paulo

03/03/2015 07h00

Ser o dono do próprio negócio é o desejo de 40% dos 12,3 milhões de moradores das favelas brasileiras, segundo pesquisa inédita realizada pelo instituto Data Favela, com apoio do instituto Data Popular e da Central Única das Favelas. O número é maior que a média brasileira. No país, 23% querem ser donos de empresas, segundo a pesquisa. 

Os resultados do estudo são apresentados nesta terça-feira (3) durante o 2º Fórum Nova Favela Brasileira. 

Entre os moradores de favelas que querem ter o próprio negócio, 55% pretendem abrir em até três anos. A maior parte (35%) deseja investir no ramo de alimentação.

Quanto à localização, 63% querem empreender dentro da favela onde vivem. Já 19% têm a intenção de abrir empresa fora da comunidade, mas em um bairro próximo, e 15% querem o negócio fora da comunidade, em um bairro mais distante.

Negócios nas favelas fortalecem comunidades

A pesquisa também traça o perfil socioeconômico dos candidatos a empreendedores. A maioria (56%) pertence à classe C, 38% são da classe baixa e 7% da classe alta. Boa parte dos futuros empreendedores tem mais de 25 anos e é casada (51%), 49% são homens, 51% são mulheres e a maioria (73%) é negra ou parda.

Com a abertura de novos negócios nas comunidades, a economia local também se fortalece. Entre os moradores que fizeram compras nos últimos 30 dias, 82% levaram itens básicos no comércio que fica na região onde mora.

“Pensando no potencial de consumo dos moradores, a favela ainda carece de mais oportunidades de negócios para atender a população local. Existem espaços para fomentar negócios nas mais diversas áreas”, afirma Renato Meirelles, presidente do Data Popular.

Produtos como eletrônicos, móveis e roupas são consumidos fora da favela

Esse cenário favorece a entrada de novos negócios nas comunidades, já que a compra de produtos mais caros, como eletrônicos, eletrodomésticos ou produtos de tecnologia é realizada fora das favelas, seja por causa da facilidade para encontrar esses itens ou pelas condições de pagamento. 

No levantamento, 81% dos moradores costumam comprar eletroeletrônicos fora da favela. Apenas 7% adquirem esses itens em uma loja na favela. Os moradores também saem da favela quando precisam comprar roupas e móveis – 81% compram roupas fora da comunidade e 76% costumam comprar móveis fora da favela.

O estudo foi feito em fevereiro deste ano com 2.000 moradores, de 63 favelas, localizadas em nove regiões metropolitanas e também no Distrito Federal (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba, Porto Alegre e Brasília).